A Mulata yê, yê, yê
1. Há pouco, percorri, a pé, uma das praias mais bonitas de Salvador, a praia de Amaralina. Amaralina é um simpático e populoso bairro da capital baiana. Em Amaralina morei de dezembro de 1967 a junho de 1972.
Conheço bem o seu mar, de um azul egeu. É um mar místico. Clara Nunes (1942-1983), na canção Conto de Areia, canta a sua magia.
2. Um trechinho de Conto de Areia - "Contam que toda tristeza que tem na Bahia/ Nasceu de uns olhos morenos molhados de mar/ Não sei se é conto de areia ou se é fantasia/ Que a luz da candeia alumia pra gente cantar/ Um dia a morena enfeitada de rosas e rendas/ Abriu seu sorriso de moça e pediu pra dançar/ A noite emprestou as estrelas bordadas de prata/ E as águas de Amaralina eram gotas de luar".
3. Encantado com as bonitas negras que chegavam à praia, parei para admirá-las mais de perto. Que lindas mulheres! Além da cor de sua pele, lisa e reluzente, chamava a atenção o corpo torneado de cada uma delas; e, de algumas, os olhos esverdeados!
Segundo me disseram, negras de olhos verdes só a Bahia tem... O que as faz as negras mais bonitas do Brasil.
4. Que uma dessas ONGS, preconceituosa e demagoga, me não chame de racista porque, nesta singela crônica, em tempos de carnaval, estou a exaltar a beleza da negra baiana da mística praia de Amaralina. Está na moda chamar de racista quem escreve ou compõe música exaltando a beleza da mulher negra, pasmem! Lembra o que estão querendo fazer com a marchinha O Teu Cabelo Não Nega?
5. Noite dessas, peregrinando pelos canais de televisão, surpreendeu-me a entrevista de uma mulata, elegante coroa, chamada Vera Lúcia Couto, sobre a marcha carnavalesca Mulata yê,yê,yê, mais conhecida como Mulata bossa nova.
6. Muito bem. Essa senhora, hoje com 71 anos, foi a miss Estado da Guanabara, 1964. Detalhe: foi a primeira miss negra da história do Miss Brasil, hoje, praticamente, um evento esquecido.
Segunda colocada, perdeu o título de Miss Brasil para a paranaense Ângela Vasconcelos.
7. Vera Lúcia Couto, eleita miss Guanabara, chamou a atenção do compositor João Roberto Kelly. Inspirado na beleza da primeira miss negra, Kelly compôs, para ela, a marchinha carnavalesca Mulata yê, yê,yê, sucesso absoluto nos carnavais, desde seu lançamento. - "Mulata bossa nova/ caiu no hully gully/ e só dá ela/ Yê, yê, yê.../ Na passarela".
8. Pois bem: interpelada, Vera disse ao reporter o seguinte: "Por que razão eu devia me sentir ofendida com a letra dessa marchinha? Me tornei conhecida como a primeira negra a vencer um concurso de miss, o miss Guanabara, de 1964...É ofensivo isso?"
O compositor fecha sua canção com esta carinhosa estrofe: "A boneca está cheia de fiu-fiu/ Esnobando as louras/ E as morenas do Brasil".
9. Em tempo: hully gully, senhores e senhoras, não é um palavrão ou coisa parecida, é uma dança.
Uma ONG qualquer poderá perguntar: "A mulata caiu onde? No hully gully? Que é o hully gully? Ah! o propósito do compositor foi esculhambar com a mulata... com a mulher negra..." Você duvida, dileto leitor?
10. Membros de uma dessas ONGS, de repente, decidem pedir que a marchinha Mulata Bossa Nova - como aconteceu com O teu cabelo não nega - também não deva ser cantada no carnaval; e a partir d'agora.
11. Inda bem que o João Roberto Kelly (compositor de Cabeleira do Zezé e de Maria Sapatão) está vivo e lúcido.
Em condições, portanto, de se defender da pecha de racista e de impedir que a marchinha Mulata Bossa Nova, sucesso há mais cinquenta e três anos, seja proibida nos carnavais que estão por vir...
1. Há pouco, percorri, a pé, uma das praias mais bonitas de Salvador, a praia de Amaralina. Amaralina é um simpático e populoso bairro da capital baiana. Em Amaralina morei de dezembro de 1967 a junho de 1972.
Conheço bem o seu mar, de um azul egeu. É um mar místico. Clara Nunes (1942-1983), na canção Conto de Areia, canta a sua magia.
2. Um trechinho de Conto de Areia - "Contam que toda tristeza que tem na Bahia/ Nasceu de uns olhos morenos molhados de mar/ Não sei se é conto de areia ou se é fantasia/ Que a luz da candeia alumia pra gente cantar/ Um dia a morena enfeitada de rosas e rendas/ Abriu seu sorriso de moça e pediu pra dançar/ A noite emprestou as estrelas bordadas de prata/ E as águas de Amaralina eram gotas de luar".
3. Encantado com as bonitas negras que chegavam à praia, parei para admirá-las mais de perto. Que lindas mulheres! Além da cor de sua pele, lisa e reluzente, chamava a atenção o corpo torneado de cada uma delas; e, de algumas, os olhos esverdeados!
Segundo me disseram, negras de olhos verdes só a Bahia tem... O que as faz as negras mais bonitas do Brasil.
4. Que uma dessas ONGS, preconceituosa e demagoga, me não chame de racista porque, nesta singela crônica, em tempos de carnaval, estou a exaltar a beleza da negra baiana da mística praia de Amaralina. Está na moda chamar de racista quem escreve ou compõe música exaltando a beleza da mulher negra, pasmem! Lembra o que estão querendo fazer com a marchinha O Teu Cabelo Não Nega?
5. Noite dessas, peregrinando pelos canais de televisão, surpreendeu-me a entrevista de uma mulata, elegante coroa, chamada Vera Lúcia Couto, sobre a marcha carnavalesca Mulata yê,yê,yê, mais conhecida como Mulata bossa nova.
6. Muito bem. Essa senhora, hoje com 71 anos, foi a miss Estado da Guanabara, 1964. Detalhe: foi a primeira miss negra da história do Miss Brasil, hoje, praticamente, um evento esquecido.
Segunda colocada, perdeu o título de Miss Brasil para a paranaense Ângela Vasconcelos.
7. Vera Lúcia Couto, eleita miss Guanabara, chamou a atenção do compositor João Roberto Kelly. Inspirado na beleza da primeira miss negra, Kelly compôs, para ela, a marchinha carnavalesca Mulata yê, yê,yê, sucesso absoluto nos carnavais, desde seu lançamento. - "Mulata bossa nova/ caiu no hully gully/ e só dá ela/ Yê, yê, yê.../ Na passarela".
8. Pois bem: interpelada, Vera disse ao reporter o seguinte: "Por que razão eu devia me sentir ofendida com a letra dessa marchinha? Me tornei conhecida como a primeira negra a vencer um concurso de miss, o miss Guanabara, de 1964...É ofensivo isso?"
O compositor fecha sua canção com esta carinhosa estrofe: "A boneca está cheia de fiu-fiu/ Esnobando as louras/ E as morenas do Brasil".
9. Em tempo: hully gully, senhores e senhoras, não é um palavrão ou coisa parecida, é uma dança.
Uma ONG qualquer poderá perguntar: "A mulata caiu onde? No hully gully? Que é o hully gully? Ah! o propósito do compositor foi esculhambar com a mulata... com a mulher negra..." Você duvida, dileto leitor?
10. Membros de uma dessas ONGS, de repente, decidem pedir que a marchinha Mulata Bossa Nova - como aconteceu com O teu cabelo não nega - também não deva ser cantada no carnaval; e a partir d'agora.
11. Inda bem que o João Roberto Kelly (compositor de Cabeleira do Zezé e de Maria Sapatão) está vivo e lúcido.
Em condições, portanto, de se defender da pecha de racista e de impedir que a marchinha Mulata Bossa Nova, sucesso há mais cinquenta e três anos, seja proibida nos carnavais que estão por vir...