E O MUNDO NÃO ACABOU

Estava programado para semana passada o fim do mundo. Não sei bem se era na terça ou na quarta feira, teria que conferir na folhinha, mas por alguma razão, que não informaram, ele foi mais uma vez adiado. Certamente em momento adequado será reagendado uma nova data. Essas coisa acontecem.

Parece que existe uma vontade irresistível, por parte de algumas pessoas, de ver o mundo se acabar, uma fixação autodestrutiva, como daquele homem que serrava o galho em que estava sentado para ver todos caírem.

De quando em quando aparece alguém, um filósofo, um vidente, um cientista que descobre num versículo bíblico, num sutra antigo ou num telescópio a aproximação de um meteoro desgovernado, ou seja lá o que for, em rota de colisão com a terra, com dia e hora marcado para tudo explodir.

Esse desejo, vem dessa demência sadomasoquista que todos, vez por outra, temos em ver o circo pegar fogo, de querer que a casa caia para depois sairmos por aí com aquele sorrisinho irônico de quem sabe mais que os outros dizendo : - Eu não disse, eu não disse. Enfim buscar os perseguidos quinze minutos de glória e deixar o nome na história, que no caso de uma destruição planetária esse glorioso nome se esfumaçaria junto com a história em menos de quinze minutos.

Nos últimos cem anos mais de dez vezes nosso mundo esteve para acabar, fracassando em todas elas.

Teve até uma situação muito engraçada, que aconteceu na cidade inglesa de Leeds em 1806, onde não sei como, as pessoas encontraram um mensageiro muito estranho avisando sobre o final dos tempos: Um galinha, foi isso mesmo que você leu. Uma galinha colocava seus ovos e as pessoas interpretavam a posição deles no seu ninho como o prenuncio do final dos tempos. Logicamente nada aconteceu, e a galinha morreu de velha.

Nostradamus, Mãe Dináh, Padre Quevedo, Inri Cristo, todos tiveram suas apostas para um final do nosso mundo, para nossa sorte nenhum ainda acertou.

Bom, o importante mesmo é que nosso planeta não se acabou, ainda continuamos vivos e continuaremos por um bom tempo apesar de todas as tentativas em contrário.

Dona Leonor, moradora de uma favela super povoada do Rio de Janeiro que sofre para manter-se ainda existindo após esperar dois anos por uma consulta pelo SUS para tratar o nódulo em seu seio e que faz das tripas coração para alimentar seus dois filhinhos em casa porque a escola em que eles estudam e comem merenda está em greve devido aos baixos salários de seus professores e ao descaso de quem deveria resolver a situação , e por fim enquanto seu marido desempregado há três anos foi assaltado pela quarta vez. Ela acha divertido essas histórias de fim de mundo e garante serem uma tremenda besteira de pessoas mal informadas, que não sabem de nada e não tem nada melhor para se preocuparem.

Ora essa , vir falar de fim do mundo para brasileiro? Pra ela o mundo já acabou faz tempo. . .

É o fim do mundo!