Minhas netas não são iguais. Elas são bem diferentes no gênio, talvez pela Helô ser do signo de Peixes, e a Bárbara de Gêmeos.
Heloísa, tem oito anos, é morena clara, mas quando toma muito sol fica bem morena.
Bárbara, é mais nova, tem um ano e oito meses. A Babi é morena e quando toma sol fica pretinha. A cor negra está no DNA por causa da avó paterna, mas também tem sangue de italiano por parte do avô paterno, e do meu gene ela também herdou sangue Negro, porque a família do meu Pai tem um pé na senzala, além de ter sangue de Índio.
Nunca achei cor nada de mais, nem de menos, até ouvir um comentário infeliz: "Uns procurando limpar a história da família enquanto outros procuram sujar". A pessoa estava se referindo à miscigenação.
A ignorância é realmente banal. Virei e respondi: "Pois é, a Barbara era bem clarinha quando nasceu e aos poucos foi escurecendo. Me enganaram direitinho, né. Agora, não tem volta porque já me apeguei demais nessa Pretinha".
Com certeza, a vida não é fácil para ninguém, mas para quem tem pele mais escura a coisa fica mais complicada, mais ainda se for mulher, pobre e sem estudo.
Sonho com um mundo mais justo e de preferência, sem preconceito. Mas como sei que as coisas não acontecem assim de noite para o dia, o jeito é preparar a Bárbara para esse mundo cruel.
Toda vez que posso, procuro mostrar a Bárbara que existem heroínas, governantes, profissionais, princesas e mulheres de fibra de todas as cores. Bonecas também.
Bonecas especialmente encomendadas para o Dia da Criança/2016.
O mundo não é todo branco. O mundo é MULTICOLORIDO. Até no Natal tudo fica muito mais colorido, mais moreninha, até a ajudante do Papai Noel.
Vivemos num país onde a grande maioria da população é de cor mais escura, e não branca. Portanto, quem disse que a Branca de Neve não pode ser morena?