Adeus, Colombina; adeus, Pierrô
Aqueles seis fantasiados ou os “seis bandidos mascarados de papangu que invadiram uma festa (...), estupraram seis mulheres e mataram duas delas”, sem serem "eleitos", sem "foro privilegiado", logo foram presos, e detalhou-se a notícia em fotos, plano e execução do crime, explicações jurídicas e psiquiátricas. De pronto, o Ministério Público proibiu, em Queimadas, o uso de máscara durante o Carnaval, evitando medo de papangu andando na rua. As crianças de hoje não se amedrontam tanto como as de antes. Talvez, confiem na sinceridade das máscaras e fantasias, compreendendo melhor essas assombrações.
Já em Pilar, espiava na Rua José Lins do Rego, pela fechadura e frestas da porta como se fossem monóculos, o papangu no outro lado da rua, na calçada da casa de Zezita Mattos. Preferia o “alaursa” ao papangu de caráter indefinido, ora como bruxa, ora com cara de lobo, de lobisomem ou de homem mau. Consolava-me tia Dulce: "O “alaursa” só gosta de mel e fica contente com qualquer dinheiro"; e lá se ia ele à caça de outra moeda. Assim, os carnavais da infância se caracterizaram como meus primeiros medos.
Parecia esperarmos o Carnaval mais de doze meses; também poucas festas havia como aqueles carnavais que se destacavam entre as festas juninas e as da Padroeira. Hoje, dentro ou "fora de época", acontecem festinhas, festas e festões, shows com bebidas e, lamentavelmente, drogas; o Carnaval se tornou apenas uma ocasião a mais, logo chega e logo se vai. Meu amigo Chico Buarque, do tempo dos saudosos carnavais que inspiravam poesia, cantou: “Quem me vê sempre parado, / Distante garante que não sei sambar (...) / Eu vejo as pernas de louça/ Da moça que passa e não posso pegar... / Tô me guardando pra quando o carnaval chegar (...) ” Chegou liso e efêmero o Carnaval; com ele, debaixo da fantasia, o bicho que nos pode pegar, roubando-nos o samba, o frevo e a alegria de brincar. Assim esperamos o Carnaval passar, diferente dos passados carnavais que talvez não voltem mais. Até então, adeus, Colombina; adeus, Pierrô.
Aqueles seis fantasiados ou os “seis bandidos mascarados de papangu que invadiram uma festa (...), estupraram seis mulheres e mataram duas delas”, sem serem "eleitos", sem "foro privilegiado", logo foram presos, e detalhou-se a notícia em fotos, plano e execução do crime, explicações jurídicas e psiquiátricas. De pronto, o Ministério Público proibiu, em Queimadas, o uso de máscara durante o Carnaval, evitando medo de papangu andando na rua. As crianças de hoje não se amedrontam tanto como as de antes. Talvez, confiem na sinceridade das máscaras e fantasias, compreendendo melhor essas assombrações.
Já em Pilar, espiava na Rua José Lins do Rego, pela fechadura e frestas da porta como se fossem monóculos, o papangu no outro lado da rua, na calçada da casa de Zezita Mattos. Preferia o “alaursa” ao papangu de caráter indefinido, ora como bruxa, ora com cara de lobo, de lobisomem ou de homem mau. Consolava-me tia Dulce: "O “alaursa” só gosta de mel e fica contente com qualquer dinheiro"; e lá se ia ele à caça de outra moeda. Assim, os carnavais da infância se caracterizaram como meus primeiros medos.
Parecia esperarmos o Carnaval mais de doze meses; também poucas festas havia como aqueles carnavais que se destacavam entre as festas juninas e as da Padroeira. Hoje, dentro ou "fora de época", acontecem festinhas, festas e festões, shows com bebidas e, lamentavelmente, drogas; o Carnaval se tornou apenas uma ocasião a mais, logo chega e logo se vai. Meu amigo Chico Buarque, do tempo dos saudosos carnavais que inspiravam poesia, cantou: “Quem me vê sempre parado, / Distante garante que não sei sambar (...) / Eu vejo as pernas de louça/ Da moça que passa e não posso pegar... / Tô me guardando pra quando o carnaval chegar (...) ” Chegou liso e efêmero o Carnaval; com ele, debaixo da fantasia, o bicho que nos pode pegar, roubando-nos o samba, o frevo e a alegria de brincar. Assim esperamos o Carnaval passar, diferente dos passados carnavais que talvez não voltem mais. Até então, adeus, Colombina; adeus, Pierrô.