A CULTURA PEITA O GOLPE

Por Gecílio Souza

Se o canavial não presta

Nunca dá boa rapadura

De uma pessoa analfabeta

Não se espera boa leitura

Quando se envenena a floresta

Contamina-se a agricultura

Quando a fossa está repleta

Provoca náusea e tontura

Ao deixar a porta aberta

Chame logo a viatura

O plano que a elite arquiteta

Desconstrói a arquitetura

De um país que já se projeta

Para o abismo da fundura

O povo quer eleição direta

Mas a sanha golpista perdura

A paciência popular se aperta

Esta quadra é mesmo obscura

Permanente sinal de alerta

É enviado à disfarçada ditadura

A nação inteira está inquieta

Nesta horrível conjuntura

A convulsão social é certa

Se não reverter essa loucura

O poder usurpado acerta

Do Brasil a imensa estrutura

Um ministro petulante se projeta

Contra o próprio ministério da cultura

Na sua gestão improdutiva e indigesta

Que carece de decoro e compostura

As urnas lhe impuseram uma dieta

Malograda foi a sua candidatura

Ao congresso, sua grande meta

Para vigorar na atual legislatura

Hoje no governo faz a festa

Sem escrúpulos e sem lisura

É o fiasco que agora se manifesta

De um governo carente de estatura

Roberto Freire, por uma fresta

Quis dar um coice na cintura

De Raduan Nassar, o poeta

Um dos ícones da literatura

Mas atirou na própria testa

Com o ódio que lhe segura

Raduan Nassar bem interpreta

O sentimento de coragem e bravura

Da nação que aos poucos se desperta

Desta longa e letárgica desventura

É o início de uma nova descoberta

Tomara cicatrize essa cissura

Raduan, ao Brasil fala e flerta

E o povo lhe retribui sem frescura

O Roberto Freire autoriza e empresta

O voto, o carimbo e a assinatura

Ao governo que gradualmente deleta

A constituição perante a qual jura

Num conluio que a imprensa acoberta

Emendando-a com vício de rasura

Tal disparate só se corrige ou conserta

Quando a panela se explodir na fervura

E alcançar a elite seleta

Que se regala da imoral fartura

Contra Lula aponta a judiciária seta

Do Cunha articula-se a soltura

Roberto Freire é o que resta

Da hipócrita caricatura

Daquela ideologia abjeta

Que o falso socialismo murmura

As ideias do Partidão ele veta

O conceito de democracia desfigura

PPS, a sociedade o detesta

É o fisiologismo sem formosura

O primeiro P deve ser de pateta

O segundo P é mera propositura

Que negativamente afeta

Da sociedade a tessitura

O S é de sabotador de oferta

De uma nação próspera e segura

O Roberto Freire molesta

O país que o esconjura

Quis dar um golpe de atleta

Mas pulou da própria altura

Mais baixa que a terra reta

Aquém de uma sepultura

Mas o tempo se completa

Sem intervalo ou ruptura

É sempre com a boca aberta

Que se trata a dentadura

O Roberto Freire vegeta

No limiar da noite escura

Se vende pela maior oferta

É fruta podre e não madura

É um satã que late e protesta

É súcubos sem laqueadura

Este governo ilegítimo nos espeta

Melancólico, não se sabe quanto dura

Governo que se blinda e locupleta

Temer é uma infecção sem cura

Prever seu desfecho não precisa ser profeta

Os meliantes afiaram a dentadura

Vender o país é sua sanha predileta

E ninguém freia essa travessura

O entreguismo a quadrilha desengaveta

A gatunagem se pôs à nossa captura

Oiliceg
Enviado por Oiliceg em 20/02/2017
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