G U L A

Concordo que dos chamados pecados capitais, a gula talvez seja o mais popular. Acho que grande parte das pessoa comete esse pecado e os que não cometem ficam com vontade de cometer. Alguns conseguem até limitar sua gula. Mas há os que exageram. Era - ou ainda é - o meu caso. Sempre fui guloso. Desde criança. E, creiam, até os vinte e cinco anos eu era nagro, magérrimo. Só fui engordar mesmo depois dos 30 anos. Aí fiquei gordo que nem barrica de chope. E não dei bola para isso, embora amigos, famiares e médicos sempre tivessem me advertido para o perigo que eu estava correndo devido à gula, sendo asmático e hipertenso, a gordura e o excesso de conida podiam matar o véio. Mas não dei bola e continuei comendo muito, até que a saúde começou a se deteriorar e fui obrigador a fechar a boca, fazer tegime e perder peso. Fiquei pela bola sete, mas consegui me recuperar e até perder peso. Quando a gente fica a perigo nos submetemos a tudo.

Só que o guloso nato, berco, é um viciado. É como aqueld refrão do Flamengo: uma vez Flamengo, sempre Flamengo. Uma vez glutão, sempre glutão. Eternamente guloso. Depois de tudo que sifri, dia desses dei uma passada no Mercado da Encruzilhada, fui comprar um tamborete, aí passei num dos restaurantes e senti o cheiro inconfundível de sarapatel novinho, tinha saído naquela hora, meio dia, esqueci a doença, as operações, a dieta e comi dois pratinhos de sarapatem com limão e pimenta e tomei duas cervejas e três lapadas de cana. Raspei os pratos. Afora a cagadeira que tive, estava desacostumado vom essa iguaria, bateu o medo e o remorso.

Resolvi o problema: não boto mais os pés no mercado. Guloso não pode ver comida que lhe faz mal. Eu sou um guloso incorrigível. Inté.

Dartagnan Ferraz
Enviado por Dartagnan Ferraz em 20/02/2017
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