O LIVRO E A PERSONAGEM
Sou um livre pensador, um filósofo das ruas, dos bares e adjacências, seguindo o odor das metrópoles, andando pelos muitos bairros, vias e artérias desta cidade dos sonhos, ELDORADO, aglomerado de pessoas de todas as cores, estilos, pensamentos e atos, notícias de jornal. ( O pedestre avançou o sinal, atropelou o veículo e saiu pelos ares, fugindo não se sabe de quem, nem nada.) Estas e outras crônicas diárias não estão estampadas nas manchetes, mas perambulam por estas ruas desertas, esta e aquela.
Esta história que poderia ser uma novela, aquela personagem, que não saiu no noticiário, aquela que não está no livro, aquela outra que passou despercebida, não foi notada, passou em branco e preto e colorida também, como se existissem em série.
Uma história esquecida, como várias outras, totalmente esquecidas.
Quem era ela? De quem fugia? Por quê? Poderia estar com frio. Poderia estar com fome. Poderia estar com sede, com medo. Quem era ela realmente, fora a ficção? Ou se (só) sonhava. Quem seria? Boa ou má? Ou não, apenas ela.O que aconteceu?
Penso em um filme que assisti, um livro que li. Detetive que sempre quis ser, investiguei aquela personagem.
Pesquisar seu passado seria impossível, com o presente me empurrando para o futuro. Dela? Meu? Da crônica? História nem lembrada, nem publicada.
Inquiri, busquei, indaguei, me informei, dados e dardos, como já disse, sou um livre pensador, um filósofo das ruas, dos bares e adjacências, e em um destes, encontrei, me deparei com o objeto da crônica, ela, a personagem.
Enfim, a personagem, vestida com todas as cores, todos os estilos, pensamentos e ações. Ela, a crônica, realmente existia, agora. Ela, vivera, durante quanto tempo até reaparecer, onde? O que ela fez durante durante este filme, por onde trilhou seu caminho. Tantas perguntas e o tempo urge.
Nada sei sobre seu passado nem sobre seu futuro, e a força agora é imensa, emocional, querendo respostas. Não existem respostas, responde, cautelosa, enquanto prepara uma nova fuga. Para outro livro?