CINEMA
Uma das artes que me fascina é o cinema. Quando pela primeira vez ao entrar num cinema “Poeira” lá na minha longínqua terrinha, estabeleci o que seria o meu lazer. Ainda muito jovem, larguei outras modalidades de diversão e embrenhei-me nos assuntos, em relação à arte de representar, principalmente o cinema. Até passou pela minha cabeça, o desejo de ser ator, mas isso era impossível para um pobre semi- analfabeto.
A máxima definição da arte: é tudo aquilo que agrada os sentidos. Então meus olhos brilhavam nas telas dos cinemas Brasil afora. Isolei um pouco meu ufanismo e vibrei com muitos filmes estrangeiros, pois a arte não tem fronteiras, mas tenho uma grande predileção pelo cinema brasileiro. Vi quase todas as chanchadas da Atlântica. A saga dos cangaceiros não perdia nenhum. Por ter nascido na roça, vibrava com os filmes de Amâncio Mazzaropi. O cinema novo de Glauber Rocha me despertou politicamente. Alguns filmes ficam gravados na memória, tal o conteúdo do enredo; O pagador de Promessas com Leonardo Vilar e Glória Meneses. Assalto ao Trem Pagador, com a interpretação magistral do Grande Otelo. Lamarca, na pele de Paulo Beti. A Guerra de Canudos, com José Wilker e tantos outros no mesmo quilate.
No momento surge uma safra reluzente. Em O Menino Maluquinho, voltei a minha infância em São João do Oriente. O que é Isso Companheiro, mostrando a fase torturante do Brasil. Vi Quatrilho. Carlota Joaquina. Navalha na Carne. Bonitinha, mas Ordinária. Estou para ver Policarpo Quaresma.
No momento curto Central do Brasil. Até recordei uma fase de minha vida, fui escrevedor de cartas lá num interior rural, não como trabalho remunerado, mas para ajudar as pessoas a se comunicarem. É verdade, de vez em quando aparecia sacolas de frutas e franguinho.
Assisti muitos filmes com o comediante Oscarito. O ator mexicano Cantinflas desopilava meu fígado.
O cinema é lazer, fascinação e sobretudo cultura.
Essa crônica foi postada, no extinto Jornal Diário da Tarde, em 27 de Junho de 1998.
Lair Estanislau Alves.