ALGUNS NASCEM PRONTOS PARA A SERVIDÃO?

É Possível desconstruirmos a ideia aristotélica de que alguns nascem prontos para a servidão? Essa foi uma questão que surgiu após ler uma reportagem que falava sobre a desigualdade social no Brasil. Nós ainda estamos entre os oito países mais desiguais do mundo, apesar de o Brasil fazer parte dos dez países do mundo com PIB mais alto. Fiquei a imaginar se a forma como fomos colonizados, aliada á corrupção arraigada no cerne da política nacional colaboraram para esse resultado calamitoso – heranças malditas. Vou deixar que o amigo leitor formule sua própria resposta.

Resultante, basicamente, da má distribuição de renda, observamos como conseqüências dessa desigualdade, Além da favelização, a pobreza, o desemprego, a marginalização e, claro, a violência. Há, de fato, um muro de concreto invisível e intransponível que impede os crescimentos cultural, intelectual, profissional e econômica das classes oprimidas. Pensando na existência desse muro que brinda a classe mais rica que dita as regras do jogo, formulei a questão que dá inicio a este texto. Então, já tem uma resposta? Qual é?

Um dia desses, uma amiga, Ovaní Santana, postou em uma rede social o seguinte texto:

“Você tem alguma chance de se tornar um jogador de futebol famoso? Ou um cantor do estilo sertanejo universitário? É de família abastada a ponto de lhe garantir uma mega herança? Teria coragem de enveredar na política e envolver - se em escândalo do tipo MENSALÃO?

Se suas respostas forem não para todos esses questionamentos, eu tenho a receita para o seu sucesso: ESTUDAR!

Somente por esse viés você irá licitamente ascender na vida!

A aprendizagem é o bem mais supremo que alguém pode adquirir.”

Trata-se de um ótimo texto, profundo e otimista. Concordo plenamente, é minha resposta à pergunta. Diante do caos que se instalou no Brasil desde à colonização criminosa à qual fomos submetidos pelos portugueses e continuada pelo sistema político nefasto, falido, corrupto e que veem sugando o sangue e o suor do trabalhador brasileiro, o estudo é o caminho, a verdade, a solução.

No entanto, como uma teia de aranha, o sistema que alimenta a desigualdade social é bem estruturado, não permite que a presa escape. Vejamos apenas um exemplo: A Universidade Pública. Enquanto os filhos dos trabalhadores das classes menos prestigiadas estudam em escolas públicas de péssimas qualidades e desestruturadas, os filhos da elite estudam em escolas particulares, caríssimas, com direito a diversas atividades, além dos cursinhos. Seria cômico se não fosse tão cruel. Aos prestarem o vestibular ou o ENEM, os alunos de ambas as classes concorrem às mesmas vagas para as Universidades públicas. Quem irá cursar os melhores cursos – Medicina, Direito, engenharia...? Claro, infelizmente, para os da periferia restam os cursinhos de menor significado nas universidades particulares via FIEIS para aqueles poucos que conseguiram uma nota no ENEM superior a 450 pontos.

Então, é Possível desconstruirmos a ideia aristotélica de que alguns nascem prontos para a servidão?

Sim, é possível, mas apenas quando destruirmos esse sistema maléfico que beneficia apenas a elite, mantém a desigualdade social, silencia os oprimidos e impede o desenvolvimento do país.

Manoel R
Enviado por Manoel R em 19/02/2017
Código do texto: T5917653
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