Franqueza e Caráter

Não podemos abrir mão da franqueza e nem do caráter. Quem já é calejado pela vida sabe que tudo nela é irreversivelmente transitório. Nada é para sempre. Mas não podemos deixar a vida sem dar exemplos aos nossos descendentes. Não é impossível, basta preservar a honra que é a poesia do dever, a franqueza que é uma marca registrada do homem e a firmeza de caráter que é uma obrigação.

Nunca vou perdoar os que, por ambição, vaidade ou fascinação ou obsessão pelo poder e pelas mordomias que ele gera, trairam a nossa utopia. Acho que se nivelaram aos fascistas e exploradores do povo. Não, não perdôo os que enxovalharam mossas bandeiras e ideais.

Não sou palmatória do mundo, mas acho que o caráter é inegociável. Adoro um poema de Sidonio Muralha: "Parar não paro./ Esquecer não esqueço. / Se caráter custa caro/ pago o preço.// Pago embora seja raro./ Mas homem não tem avesso/ e o peso da pedra eu comparo/ à força do arremesso.// Um rio só se for claro./ Correr, sim, mas sem tropeço./ Mas se tropeçar não paro, - não paro nem mereço.// E que ninguém me dê amparo./ Nem me pergunte se padeço./ Não sou nem serei avaro/ - Se caráter custa caro/ pago o preço".

Sou apenas um véio pobre e doente, mas cultivo, graças a Deus, a franqueza e o caráter. Inté.