ESCRAVO DE MIM
ESCRAVO DE MIM
Preso a uma visão de vida conservadora e preconceituosa, por mais que não queira tenho caminhado pela vida a fora ao longo dos meus 71 anos, muito por fora. Entre um sopapo e outro levo um projeto de vida que foge ao meu controle. Entre uma observação e outra vejo a vida como me ensinaram de modo que até hoje não aprendi viver a que imagino. Não descobri até hoje uma maneira de dirimir minhas dúvidas nem de concluir meus conflitos internos. Não consigo seguir o caminho que tracei para viver. Vivo do modo que me ensinaram e que me permitem viver, portanto vivo o modelo “deles”. Liberdade zero este é meu placar. Sonhos infundados, aleatórios e sem sentido tenho sonhado! Tudo foge do meu controle, da minha vontade, do meu desejo de ser, salvo momentos em que dirigi toda minha libido para o sexo. Porém nada ganhei com isso senão a transferência de meu DNA e muitos momentos de fortuitos prazeres que terminavam na tristeza do depois e no asco da imersão dos corpos quando não limpos, promíscuos que em sua maioria proporcionam lapsos de satisfação e ilusão. O sexo nos paga pouco com seus momentos de orgasmo fortuitos cuja sensação ilusória parece levar-nos ao céu?! Parece! Apenas parece. Muita energia desperdicei com isso o restante gastei em busco da auto encontro. Impotente e incapaz de entender meus próprios conflitos não são poucas as vezes que me sinto perdido! Perdido viajo pelo espaço, entre o átomo e a molécula tento entender a composição da matéria. A força do elo de ligação entre esta e a vida. Indeciso sempre volto à estaca zero pensando na forma imperfeita da coisas e me reporto a teoria da ideia! Mas não tenho certeza que o cavalo que vejo é apenas a forma imperfeita do mesmo nem tão pouco sei o que se passa de verdade na ilusão da caverna! Sei no entanto que não refletir é igual a precipitação. Tudo me parece volátil e em expansão indefinida, tudo é inalcançável! porque fortuito. Toda construção será desconstruída. Todos os meus castelos são de areia, não os construí sobre pedras, mas antes de areia sobre areia! Não sei se alguém consegue construí-los sobre pedras a não ser os de estrutura física. A mais leve brisa detona meus castelos! O que fiz e faço pelo próximo alimenta apenas meu EGO, este sim é meu amo, meu patrão, meu amor, meu juiz e meu carrasco, minha ilusão e a doce sensação de que vivi para continuar vivendo, mas sempre fora do meu controle!
José Antonio da Silva – Cabo Frio – 13 de fevereiro de 2017 - DC