Folhetim: A Vingança de Beta - IX

Sabedor do ocorrido no sinuca, Francisquinho foi a Seu Dino e relatou a situação de Durval, afirmando que na sua opiniao aquela vingança de Beta estava indo longe demais e poderia acabar numa desgraça porque Durval, apesar de ser pacífico por natureza, estava desesperado e na iminência de fazer uma besteira, inclusive apelar para a violencia. Pediu a Seu Dino que era o dirigente do partido do qual Geraldinho era membro, além de ser também confidente fo telegrafista, que fizesse ver àquele camarada que ele não podia mais fazer parte daquele jogo porque estava muito perigoso.

Seu Dino detestava se meter em briga de marido com mulher, mas em virtude da amizade e companheirismo que mantinha com os envolvidos, resolveu tocar no assunto com Geraldinho. Com muita cautela disse a ele da sua apreensão e do seu temor que aquilo pudesse ter um desfecho trágico. Geraldinho ouviu sério, respeitava muito Seu Dino. Respondeu que entendia perfeitamente a sua preocupação que era também a dele, que tentara evitar a mulher, que ela não queria nada com ele, mas se vingar do marido. Só que ele não podia negar a palavra a ela, virar-lhe as costas seria uma covardia inominável, estava além das suas forças. Disse ainda, já no início de uma crise de asma, que gostava muito dela, que amava Beta. Então a crise aumentou e Seu Dino mandou chamar Francisquinho que também era enfermeiro e este aplicou uma injeção de Aminofilina no telegrafista para debelar a crise asmática. Ele melhorou e foi embora tremulo e com os olhos cheios de lágrimas. Seu Dino disse a Francisquinho:

- esse rapaz ama demais a esposa de Durval. Não podemos fazer nada, mas se fosse religioso até rezaria, vou pedir á Estela para fazer isso.

Durval continuou bebendo e sofrendo. Didinha tentara ajudá-lo mas ele agradeceu, culpava a condessa pelo que estava acontecendo. Toinha, uma morena simpática que gora seu chamego por muito tempo, chamou-o a sua casa, conversou com ele, fez a sua barba, lavou a roupa dele, enxugou, engomou, preparou uma comida bem gostosa, mas não treparam. Para surpresa dela o antigo garanhão, aquele que fora seu primeiro homem, estava de fogo morto. Ele chorou nos braços dela. Vendo o seu sono intranquilo, o seu dofrimento até dormindo, ela custava a acreditar que um cara como Durval pudesse amar tanto uma mulher. Invejava Beta. Reconhecia que ela era mesmo uma mulher de verdade, mas achava cruel a vingança dela.

No outro dia ele saiu da casa de Toinha sem tomar café. Foi direto para um bar, precisava encher a cara. Naquela hora não havia ninguém bebendo, os empregados estavam lavando o chão. Bebeu muito e em jejum. Qusndo já estava "chumbado" lembrou-se da piada que ouvira no sinuca. Ela não lhe saía da cabeça. Procurara Glorinha e ela confirmara que realmente os dois sairam na chuva juntinhos como namorados. Pensou: "Sim, já tô desmoralizado, eles já devem tá trepando". Não era mais dúvida, mas certeza. O corno é o último a saber, pensou, todo mundo jã deve saber que ela está me traindo. Tomou mais algumas lapadas e ficou convicto que Geraldinho estava se vingando dele, se aproveitando da situação. Mas não ia deixar a coisa barato. Foi para casa, pegou a faca peixeira que Beta cortava a carne, botou na cintura e foi para o Correio.

Continua

Dartagnan Ferraz
Enviado por Dartagnan Ferraz em 17/02/2017
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