Confissões de uma aposentada I

Acordei cedo como de costume, mas não consegui pegar uma carona com meu esposo que todos os dias leva as crianças para a escola e de lá vai para o trabalho. Então resolvi esperar o ônibus, no entanto nada de ônibus; como estava bastante nublado não quis arriscar ir ao centro de moto.

No bairro onde moro tem de tudo: supermercados, lotérica, lojas de roupas, farmácias, escolas, oficinas e terminais de autoatendimento. Só vou ao centro quando é estritamente necessário.

Naquele dia teria que pegar alguns livros que havia encomendado. Em suma, fui ao centro a pé.

Nesse dia reconheci como é difícil para uma pessoa que não tem um transporte. Ao mesmo tempo, relembrei de como foi árdua a minha luta para terminar a Universidade. Saía todos os dias, às 15 horas, subia o Morro do Alecrim, assistia aula nos turnos vespertino e noturno e só retornava às 22 horas.

Ao chegar à praça central, chamada Praça da Matriz, deparei-me com uma aposentada conhecida minha. Então em pouco tempo de conversa ela desabafou que estava na miséria, pois pagava um plano de saúde que na realidade não atendia às suas necessidades e nem na cidade em que reside. Pagando um plano caríssimo, mas que precisava se deslocar para a capital mais próxima para consultar e fazer exames.

Marinalva Almada
Enviado por Marinalva Almada em 16/02/2017
Reeditado em 19/04/2017
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