MATRONA
A MATRONA
Tendo como companhia a tristeza, e a esperança como meta, ela procura viver seus dias contando os minutos, que vagarosamente teimam em não deixar passar o tempo em sua ação silenciosa e devoradora que faz sucumbirem os mais fortes e corajosos seres.
Hoje mais do que nunca, a matrona, agora despida de todo o seu glamour, olha pela fresta da grade na cela que lhe serve de acolhida. Sua expressão serena, embora triste, não lhe tira o torpe elegante e a altivez que aristocracia lhe dera. Ali estava ela, observava o patíbulo, onde a lâmina afiada da guilhotina brilhava ante os raios do sol, onde sabia que sua vida, cheia de tantos gozos chegaria ao fim.
O verdugo com o rosto encoberto esperava impassível e frio pelo momento em que o cesto há muito manchado do rubro sangue aguardava o último sorriso daquela que a muitos fizeram chorar.
A multidão ávida pelo tétrico espetáculo se espreme, e ante sussurros aguarda a justiça cega e insana, que na mão de poderosos se acha na condição de ser justa.
Enfim, chega o momento, a multidão grita,o carrasco de rosto coberto se mantém impassível,a turba se contorce e espera.Ela sobe ao patíbulo e fita a todos serena e fria, mas se deixa imolar silenciosamente deixando a todos perplexos e surpresos.Era o momento final. Nada mais podia ser feito...
Gilmar
Novembro 2005