Crônica de Cingapura (2002)
Crônica de Cingapura (2002)
Em meio aos preparativos para o jantar dançante de fim de ano da
Associação Sing Brasil recebo a simpática visita de nosso Presidente
Zoroastro Campos, que me comunica ter chegado a minha hora de ser
relevado da Vice-Presidência Honorária, ao cabo de um ano de honorário exercício.
Fala-me do caráter rotativo do mandato - essencialmente democrático - e do titular que assume em meu lugar: Luiz Fernando Fuchs,
mais democrático ainda. Coloco-me assim na companhia de Bernardo
Padilha e de Solange Antunes, já distinguidos com essa honraria.
Permito-me aqui evocar uma recordação de meus tempos de grupo
escolar quando, terceiranista, fui escolhido para a presidência de um
Clube de Leitura. Obra da mestra Aparecida Fornero, acho que para me
estimular a cuidar dos livros de nossa turma, que eram poucos, em
número menor do que o de alunos. E a lê-los, encapados ou em pelo.
Qual não foi minha alegria ao receber aquela encomenda encerrada na
comenda. Não cheguei a fazer uma profícua presidência, no entanto. O
futebol, outras atrações mais palpáveis e manipuláveis me desviaram da rota e da reta. O que bem sei é que não propinei, e quiçá, pouco opinei.
Que rata! Mas um desvio desses, moderado, a ninguém mata. Tentei
depois recuperar o tempo perdido, já no ano seguinte, em que o galardão da função já havia sido passado ao Péricles - irmão da professora - e a uma das meninas, de cujo nome já me esqueci. E cheguei a ler mais, quase a metade da vintena de livros que tínhamos. Até hoje, continuo lendo, lento, e já devo ter chegado ao cento. Mas o que queria frisar aqui não é o go! sto pela leitura, ou apego ao cargo, ainda que seja uma gostosura. É mais ter a lembrança no currículo, ainda que imaginário, honorário, de já ter sido escolhido para alguma coisa.
E essa sensação se repetiu na minha volta a Cingapura. Tenho certeza de que os confrades Padilha e Solange, e agora o Luiz Fernando a
experimentaram, de forma semelhante, ou melhor. E aqui me valho do
espaço para mandar ao Luiz Fernando, com as felicitações, o meu
abraço.Esse nosso quintessencial empresário que literalmente já pegou no pesado - enquanto cuidou do nosso minério que tanto vale - e agora às alturas é alçado, mas não nas nostálgicas asas da Panair e sim, ora pois, na dinâmica e prestigiosa Embraer.