A ÁRVORE ABENÇOADA QUE DAVA FRUTA E CARNE

Esta semana ouvi uma história incrível, quando conversei com uma senhora itabaianense, de origem humilde, que me contou que no tempo de sua infância, perto de sua casa, situada na várzea do Rio Paraíba do Norte, tinha uma grande árvore que dava fruta e carne.

Ela me contou que passara por muitas dificuldades quando criança, mas isso não impediu de que tivesse uma infância feliz.

Os seus olhos brilharam quando ela contou-me de um frondoso pé de maga que havia próximo de sua casa, e que era o lugar preferido dela e das outras crianças, não apenas para saciarem a fome com seus saborosos frutos, mas também para brincarem em seus galhos e na sua sombra.

O mais interessante foi que ela me falou que esse pé de manga não dava apenas frutos, mas também carne. Isso mesmo! Pois havia uma cavidade no troco da árvore que despertava a curiosidade das crianças para saber se tinha alguma coisa escondida lá dentro. Então, elas pegavam uma vara e cutucavam o interstício para confirmar se estava vazio ou não. E quando encontravam alguma coisa fofa lá dentro, ela corria até sua casa, para buscar papel e fósforo, com a finalidade de colocar fogo na boca do buraco para que o bicho que estivesse lá dentro saísse sufocado com a fumaça. E na maioria das vezes, o que saia eram tembus (ou gambás) que elas terminavam de matar com varas e pedras.

Nunca comi da carne desse animal, nem imagino que sabor tem, mas essa senhora me garantiu que sua mãe, após cortar a calda e a cabeça do bicho, sabia temperá-lo tão bem, preparando um guisado de tembu que era de lamber os beiços! Pois era de se comer e querer repetir! Não sobrava nada. Servido sempre na companhia de um belo cuscuz nordestino e de uma xicrinha de café quente.

Confesso que até fiquei com vontade de experimentar.