O  Fusca  da  Tia  Lu

O Fusca da Tia Lu não era amarelo, mas mesmo assim descia à Serra pra gente curtir as praias de Santos e Guarujá, e ainda aventurava por Osasco para visitas à casa do irmão da minha Avó quando nem todas as ruas eram asfaltadas. O carro da Tia ia  quase sozinho pro Shopping Iguatemi onde ela trabalhava na 'Mig´s Boutique' desde a inauguração e mais tarde  na 'New York, New York'. Vira e mexe, a Tia sempre   dava um jeitinho de escapar pra Piracicaba num fim de semana prolongado para visitar a irmã caçula e família. A Tia nunca andava sozinha, sempre dava carona para os vizinhos e amigos. Ela era solteira e jovem, mas alguns a chamavam de 'solteirona', pois tinha seus trinta anos e ainda não havia casado, mas tinha um Fusca que quase todo domingo de madrugada  levava a Tia e as amigas pra casa depois do sambão  no 'Óbvio' na Henrique Schaumann. O Fusca da Tia Lu era da cor marrom, um tom bem bonito,  e  até hoje, não sei bem como, aquele carro  tinha espaço de sobra para todo mundo: sobrinhos,  afilhados e filhos dos amigos e vizinhos. Quantas tardes ensolaradas de domingo fomos à Brunella perto da Praça Pan Americana tomar sorvetes deliciosos  ou comer doces depois de passear até enjoar pela cidade de São Paulo. O Fuscão  era disputadíssimo  toda sexta feira à noite pelos três irmãos que queriam  sair pra namorar. Como o Vovô não tinha carro, sobrava pra Tia  Lu  que acabava emprestando seu Fusca pros meninos 'causar'.
Ai, ai, ai se o Fuscão da Tia Lu falasse. A gente ia se acabar de tanto chorar de rir. 
Quantas saudades dos tempos quando todo mundo tinha um Fusca ou sonhava em ter um.    
 
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Calada Eu
Enviado por Calada Eu em 15/02/2017
Reeditado em 17/02/2017
Código do texto: T5913044
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