Notas ao passado.
O ultimo suspiro na ultima nota da escala penta tônica da decepção, algo que não houve palavra pra se descrever, um sonho lucido que não passa de ilusão, uma ligação perdida e coisas a serem explicadas pra encerrar de vez algo que nem se devia ter dado inicio.
Quanto tempo passou e eu não me dei conta da importância que tinha, haviam muitas coisas que deviam ser deixadas pra trás, mas a memória é um amigo ingrato, que tem o costume de te trazer a cabeça coisas que não vão acontecer e outras que não vão deixar o futuro te abraçar por completo. É chegada a hora de seguir em frente, erguer a cabeça e andar, mas qual é o destino mesmo?
Perguntas e respostas, palavras que engasgam e gritos que nunca saem, pra onde será que vai tudo isso? A musica acaba e o silêncio te deixa perdido, a noite acaba e o cheiro no teu corpo te deixa sentindo o mesmo gosto amargo dos últimos meses. Solidão? Não, paz? Mais um choro é engolido seco.
Três objetivos: esquecer, esquecer e não lembrar. Ainda existem chances de voltar atrás? Barba por fazer, cabelo comprido, olhos fundos e secos, qual era o objetivo mesmo? Ah, claro, não tinham objetivos, nem sentimentos, nem arrependimentos ou pelo menos era esse o plano. Tons de cinza, nem escuro, nem claro, cinza, nada a declarar, nem discordâncias nem concordâncias, aceitações apenas.
Os dias são um saco, os copos são cheios e os corpos vazios, uma inversão de ideias e estações, chuva no verão, chuva no inverno, o que aconteceu com as drogas e o descaso? Eles acabaram e eu fiquei aqui sentado. Cigarros e cervejas, rostos acabados, já chega né?
Quem é esse no espelho? Perdi-me ontem de noite e ainda não me achei. Já me acostumei com a tua voz, silêncio é tragédia, quando não está aqui tudo fica assim, estático. Não me lembro de ver essa cortina aberta, a luz do sol cega meus olhos e mostra coisas que eu não quero ver.
Escuro, luzes fracas e fumaça, vontade de correr? Tenho. Animo pra levantar? Foi-se.
Foi- se você, ele e eu, ainda não sabemos pra onde, mas um dia a gente se esbarra, ou não.