Arrependimento tardio

Dói muito o arrependimento tardio. E, na verdade, não tem nenhuma serventia. É só roedeira, lamento, autocrítica.

Pessoalmente sinto esse arrependimento tardio. Refiro-me a não ter aproveitado a adilescência e a mocidade para estudar, me instruir, adquirir cultura. Na infância fui bom aluno, mas no ginasial optei pela gandaia. Terminei o ginasial na marra, aos trancos e barrancos. É o único diploma que possuo.

Só mais tarde, quase aos 30 anos foi que despertei para o hábito da leitura. Até aquela altura só tinha lido gibis, Manchete Esportiva e aqueles livrinhos de bolso de caubói e a série de Gisele. A espiã nua que abalou Paris. Trintão comecei a ler paca, mas só contos e romances, algumas biografias, nas não li os filósofos, sociólogos, historiadores... Em outras palavras: o que sei aprendi no cinema, na escola da vida e nos romances. Vou ser mais claro: não possuo cultura. E isso porque fui relapso, malandro, irresponsável. Até o "vício" da escrita se deu por acaso. Explico: escrevi uma carta para o jornal (coluna cartas dos leitores) sobre o aniversário da Rádio de Pesqueira e aí o gerente da emissora, meu amigo, me obrigou quase na marra a escrever uma crônica diária, era O comentário do meio-dia. Escrevi durante mais de 20 anos, virou como disse, vício.

Acho que o homem deve se esforçar para aprender. Como disse José ingenieros: "Quanto mais o indivíduo aprende, tanto mais útil se torna para si e para a sociedade".

Despertei tarde para a necessidade de adquirir cultura. O momento são os verdes anos. Sinto arrependimento, tardio, claro. Inté.

Dartagnan Ferraz
Enviado por Dartagnan Ferraz em 13/02/2017
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