DIA DE SÃO NUNCA
Conta a lenda que Polímero, rei dos Epicenos, na antiga região de Diarréia, possuía 4.020 esposas. Pediu a um santo homem que lhe desse um pênis extra nas costas, pois assim poderia cumprir sua obrigação marital com duas ao mesmo tempo. A graça lhe foi concedida, mas, ao estrear o novo instrumento, Polímero verificou que este não funcionava, servia apenas como enfeite.
Furioso, mandou prender o santo e perguntou-lhe, com ameaças, quando a nova estrovenga iria funcionar. O santo homem deu-lhe a resposta que depois ficou famosa e repetida até hoje: sabe quando? Nunca!
Polímero, furioso com a sacanagem, mexeu os pauzinhos na esfera burocrática celestial. Assim, quando o santo deixou esta vida, pediu audiência ao assessor do Mestre e perguntou-lhe: quando será festejado meu dia? Uma voz poderosa trovejou mais lá de cima: NUNCA !
Criou-se, deste modo, o dia de S. Nunca, padroeiro dos inadimplentes, dos caloteiros, dos preguiçosos e dos noivos indecisos.
Imaginem, agora, se o dia de S. Nunca se torna realidade. Certamente as coisas vão baratinar-se todas. A cobra vai fumar (mas logo vai morrer de câncer no pulmão). Os pobres de espírito vão conquistar a Glória (grandes coisas, a Glória já saiu com todos os garotos do bairro).
Nesse dia todas as dívidas serão pagas. Quem vai devagar chegará ao longe e verá que longe é um lugar que não existe. O camelo vai passar pelo fundo da agulha, mas não vai entrar no reino dos céus (sua função é apenas passar pelo fundo da agulha. Além disso, o céu estará lotado pelos ricos).
Porque é o dia em que as coisas viram do avesso, o governo passará a pagar impostos aos cidadãos. A polícia dará liberdade aos ladrõezinhos de supermercado, e abarrotará as cadeias de corruptos. As verbas chegarão intactas aos seus destinos. Quem meter a mão na cambuca orçamentária, voltará com ela lambuzada de vergonha e desonra. Pena que esse dia, como os outros, só tenha 24 horas.