ESPECIALISTAS CONFUNDEM ATRIBUIÇÃO COM PODER
Com a paralisação da PM do Espirito Santo, choveu de especialistas tentando explicar os motivos da onda de crimes, que bandidos, antes travestidos de cidadãos, passaram a cometer.
Uma das explicações é que a polícia militar tem muito poder e a polícia civil de menos.
A coisa começa pela diferença de remuneração dos quadros básicos das duas corporações e não pela falta de atribuições (que especialistas dizem poder). Na maioria dos estados do Brasil há esta diferença, então quem está acossado são os agentes da polícia preventiva, por isto pleiteiam com mais veemência seus direitos.
Será que há agentes de repressão suficientes para também atuarem na prevenção?
Será que eles gostariam de atuar regularmente, caminhando para lá e para cá, sem saber qual o momento que terão que entrar em embate com delinquentes?
A mesma situação de diferença salarial há entre os quadros iniciais da polícia preventiva e do pessoal do sistema carcerário.
Tudo reside na exigência curricular, que para o pessoal da polícia repressiva e do sistema carcerário, na maioria é de terceiro grau, enquanto para os da polícia preventiva é de segundo grau, chegando algumas vezes descer ao de primeiro grau, como é o caso dos policiais temporários de polícia preventiva.
A não equiparação em exigência de escolaridade, não é pela maior ou menor exigência de conhecimento acadêmico na área, pois qualquer curso superior dá condições ao candidato aprovado para exercer o cargo de policial civil ou de agente penitenciário, excetuando-se para delegados e oficiais (em alguns estados).
Ela não acontece porque a quantidade de policiais militares é muito maior do que a de agentes nas outras duas instituições, portanto exigiria equiparação também em remuneração, coisa que os governantes preferem que não aconteça sob diversas alegações, que vão desde a lei de responsabilidade fiscal, até a desnecessariedade de formação superior para policiais militares.
De momento parece que a falta de policiais militares nas ruas tornaram a Polícia Militar do Espirito Santo, a instituição mais importante, mas na contramão, deram-lhe a impossibilidade de pleitearem qualquer direito.
Importância que também será sentida, talvez precisando com um pouco mais de tempo, se houver uma paralisação dos agentes da polícia investigativa, pois de nada adiantará a polícia preventiva cumprir suas atribuições, se não acontecer a investigação e o indiciamento dos autores, para que o MP possa oferecer denúncia.
Assim, todos são importantes, mesmo que trabalhando à sombra, ou longe do fogo das metralhas.
Então por que a sociedade não grita tanto pela falta de providências que combatam a impunidade, como grita pela falta de prevenção?
- Porque mesmo punindo, nunca teremos os mortos de volta, os bens ressarcidos na integra, enfim, a justiça não restabelecerá as coisas como eram antes, nem as físicas, nem as psicológicas.
Mesmo que a atividade preventiva não seja a mais importante, ela deve ser vista com mais respeito, muito mais respeito, pelas autoridades!