“SONHOS” E REMINISCÊNCIAS...*
São seis horas da manhã, hoje é domingo, dia de “descanso”; estamos nos últimos dias de inverno, entretanto, os dias desta semana é como já tivéssemos em pleno verão, porém, a primavera nem começou, seriam as “mudanças climáticas”?
Nossa mente é um “arquivo”, com a elaboração permanentes de pensamentos, mesmo quando “dormimos”, parece difícil distinguir os que são “sonhos”, e o que é “realidade”; num certo momento nesta noite, nos vimos escrevendo um bilhete a uma pessoa, cuja irmã do mesmo nos informara que ele estava trabalhando numa distribuidora e que atuava numa cidade distante de nossa cidade; quando então entramos num estabelecimento comercial, compramos alguns itens, que pretendíamos enviar a esta pessoa junto com o “bilhete”; entramos na empresa, - que ficava ao lado da que saíramos. - para encaminha a “encomenda” e “acordamos...
São os “mistérios” de nossa mente quando “dormimos”, não há claramente uma distinção do que é real e daquilo que é um misto de “lembranças”, que na realidade vivências de cada um, e neste caso nem estamos nos referindo a “experiências” de outras vidas...
No nosso caso estas reminiscências podem surgir, pois foram mais de quatro décadas dedicados a atividades comerciais, sendo assim, é natural que volta e meio os “fantasmas” do passado voltem a “tona”...
...A empresa desta pessoa, já tinha na época mais de 50 anos, começara trabalhando com apenas 13 anos, auxiliar de serviços gerais, o proprietário da empresa, observou que naquele adolescente havia vontade de aprender, participar e progredir... O tempo passa, conjuntamente com as suas atividades de rotinas, vai fazendo a sua formação profissional, especificamente dedicado ao estudo da área do comércio; algum tempo depois, vendo o seu interesse e dedicação para com a empresa, dá a ele uma efetiva participação no contrato social; pois estava efetivamente o ajudando na sua administração e no seu crescimento...
O proprietário vem a falecer, tinha um filho único que preferiu seguir a carreira militar, pois nunca teve vocação para o comércio, e este que nos referimos pela vivência e trabalho diário, fica sendo o seu filho do coração; para todos nós há o momento de “chegar” e à hora de “partir”; com este inesperado acontecimento o filho, veio fazer um acerto com a empresa de seu pai; pois já sabia que desde a muito o pai o colocara na condição efetiva de sócia pelos seus méritos demonstrados; sendo pessoa honesta e íntegra, os valores foram acertados para que assumisse totalmente a empresa, a quitação dar-se-ia em valores mensais, ao longo de certo período; a empresa teria a sua continuidade, e era preciso preservar o capital de giro da mesma...
A sua vida prosseguia com a seqüência natural da maioria dos seres humanos, casamento, família; foi quando o conhecemos, sua empresa se situava na Av. Sete de Setembro, tempos depois, com esforço e dedicação conseguiu construir a sede própria; que por sinal não muito longe de onde moramos, quantas vezes lá fomos, nos tornamos amigos que iam além das relações comerciais; seu casal de filhos, já haviam se casado, com a natural alegria com a chegada dos netinhos; trabalhavam com o pai, a empresa desde a muito já estava informatizada, tudo parecia correr dentro da normalidade, pois os “altos” “baixos” são inerentes a quem se dedica ao labor do comércio...
Estávamos no Plano Real, esperançosos com a radical mudança da economia, sem “pesadelo” da inflação; a venda não seria mais “fictícia”, mas a venda “real”, ninguém fará estoque prevendo a “valorização” da inflação; antes do Plano Real, havia uma lista de preços, que se alternava a cada 15 dias; evidenciamos um novo momento da economia, sem “expectativas” de aumento de preços, as vendas “caíram” à realidade, ninguém comprava a mais para se “resguardar” dos novos preços; muitos clientes tradicionais “optaram” pela inadimplência, o que gerava dificuldades de caixa para as empresas; ao mesmo tempo, os juros altos dos bancos, - muitos recorriam a descontos de duplicadas, até mesmo o uso do cheque especial da empresa. - foram decrescendo os estoques; muitos optaram por não prosseguir em suas atividades...
Este amigo, envolvidos por vários fatores, financeiros e psicológicos fez a triste opção de eliminar sua própria vida; hoje quando estas lembranças nos vêm a nossa mente, ainda ficamos sentidos com um pequeno grau de culpabilidade, de não termos dado um enfoque doutrinário, a respeito da transitoriedade das questões econômicas e financeiras, que jamais deveriam estar acima do bem mais precioso que Deus nos concedeu que é, preservar e valorizar nossas vidas; mas apesar de tudo acreditamos que Deus é um Pai de Infinita Bondade, que saberá compreender cada um de seus filhos, sabendo levar em conta os reais motivos que os induzirem num momento de fraqueza moral, em que faltaram as forças necessárias para superar os “entraves” de sua caminhada e partiram em busca do “nada”, em que não deixa de
ser um ledo engano, se transfere para o lado de “lá”, as preocupações que hoje julgamos instransponíveis...
Com certeza, passado tantos anos o socorro já se fez presente, este é consolo que nos dá a Doutrina Espírita; não há penas eternas, apenas “tropeços” na jornada, em busca de nossa ascensão maior que todos nós um dia estamos fadados a alcançar; onde estiver que Deus abençoe este irmão, dê a ele ânimo e coragem para um novo recomeço...
Curitiba, 15 de setembro de 2.013 - Reflexões do Cotidiano- Saul * Hoje é 11 de fevereiro de 2017
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