ZFM 50 ANOS, PARA QUE SERVIRAM

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Os 50 anos do modelo de Zona Franca de Manaus serviram para quê, além de produzir uma ilha de riqueza cercada de miséria na periferia de Manaus? Quase nada!

Tirou o Amazonas e a Amazônia do isolamento em que vivia pós-Fastígio da Borracha ou “Ilusão do Fausto” como afirma a professora da Ufam, Edneia Mascarenhas Dias. Também criou um “exército de reserva” mal remunerada e deixou a Floresta em pé, mesmo à custa da miséria de seus verdadeiros guerreiros guardiões, os homens que vivem no seu interior, isolados, pobres e muitos deles sofrendo com a falta de políticas públicas que as alcancem. Vivem sem luz, água, sem arco e flechas como os índios do passado viviam, hoje quase extintos.

Depois do Governo José Lindoso e o também já falecido superintendente da Suframa, Ruy Alberto Costa Lins, decidiram criar Leis e oferecer incentivos fiscais às indústrias de eletrônicos instaladas no Distrito Industrial, para que desenvolvessem novos projetos e investimentos no interior do Amazonas, aproveitando o potencial que já possuía, surgiram projetos de Dendê, em Tefé, de Palmito, em São Gabriel da Cachoeira e, mais recentemente o “Terceiro Ciclo”, no Governo Amazonino Mendes! Contudo, não a tirou totalmente do isolamento. A BR-174, do Governo Militar, nunca chegou a ser concluída inteiramente em pouca coisa foi útil. Durante todo o período da ZFM, não usaram recursos para investir em pesquisas biotecnológicas e a solução cabocla idealizada por Jeovan Barbosa de ligar o município de Itacoatiara ao Estado do Pará e ao resto do Brasil e do mundo por pontes, rodovias encontra resistências políticas. A Superintendente da Suframa, Rebeca Garcia, agora sinaliza na busca de investir em pesquisas biotecnológicas e encontrar sua verdadeira vocação, como já ocorreu no passado.

Logo no seu início da implantação de suas primeiras fábricas, os jornais de Manaus diziam que a ZFM seria um modelo que poderia “ser desmontado e transportado em uma pasta para qualquer lugar” como se fosse um produto descartável, principalmente próximo do fim dos seus primeiros 30 anos previstos no decreto 288/67. Contudo, a Federação da Indústria do Amazonas, Associação Comercial do Amazonas e o Centro da Indústria do Amazonas, lideranças empresariais que existiam na época e eram fortes no Amazonas lutaram e conseguiram, em 1997, que o Governo Militar o prorrogasse por mais tempo. Depois, na Constituinte, o político amazonense Bernardo Cabral, incluiu outro tempo para que o modelo continuasse existindo e, no Governo Lula, a ZFM ganhou mais 50 anos de fôlego para respirar e viver, mas sem investir em pesquisas e encontrar sua verdadeira vocação que está na sua biodiversidade.

50 anos depois, porém, a Zona Franca resiste e transformou a cidade de Manaus em uma ilha cercado de problemas sociais por todos os lados, fazendo surgir vários estudos científicos. Um dos que mais me marcaram como aluno de Serviço Social, foi à publicação de “Zona Franca de Manaus: os filhos da era Eletrônica, pesquisa realizada por Edila Arnaud Ferreira Moura et, alii, publicada pela Associação de Universidades Amazônicas, Universidade do Amazonas, Universidade Federal do Pará ( 1993, 141 páginas, integrante da série “A pobreza e o Meio Ambiente na Amazônia, vol 2), que contou com a participação do médico e pesquisador amazonense José Maria de Castro Santana. Na pesquisa, “se procurava apenas compreender a realidade das populações pobres da Amazônia e desnudar o fato de que as crianças são os seres mais afetados pelo impacto das visões desenvolvimentistas que se impuseram na região, nas últimas décadas”.

50 anos depois, quase nada mudou e em alguns itens sociais, até piorou, porque a Zona Franca não investe em pesquisas para se tornar independente e encontrar na sua biotecnologia abundante, seu único e verdadeiro modelo de desenvolvimento sem depender do Governo Federal com suas constantes e até abusivas medidas econômicas que, uma vez tomadas no calor dos debates políticos, afetam diretamente ao modelo de desenvolvimento do Estado.

carlos da costa
Enviado por carlos da costa em 11/02/2017
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