CRÔNICA SEM GRAÇA
Hoje acordei assim meio sem graça. Me olhei no espelho, sem graça, fiz a barba, sem graça, escovei os dentes, sem graça. Tudo meio sem graça. Com alguma graça.
Acho até que cheguei a pensar: - Que vida mais sem graça. Será a desgraça?
Não sei se dormi demais, ou se dormi de menos, o que sei, é que tudo estava sem graça, sem tempero, sem paixão. Haja tesão!
Desci, tomei café, sem graça. Depois fui buscar o jornal, sem graça. Pus-me a ler, sem atenção, meio sem graça. Cheguei à conclusão de que alguma coisa aconteceu e me tirou toda a graça. Que trapaça!
Mas que graça? Engraçado! O quê se passa sem graça!
Sem graça passei a me questionar, olhando pela vidraça, a praça, onde está a graça da vida? A graça do cotidiano? O lado engraçado das coisas? Mesmo sem graça.
Só em pensar que tudo estava sem graça, passei a sentir a graça de tudo. Engraçado. Sem graça!
Como não achava nada engraçado, sem graça, mas tudo com graça, tudo engraçado, me animei e nas coisas mais sem graça, achei as coisas com mais graça.
Bom, foi aí que quase pirei, engraçado. Cheguei à conclusão, desgraça, de que tudo que é sem graça, pode ser engraçado. Depende apenas do ponto de vista, com ou sem graça, de que se encara tudo isso ou nada disso ao contrário.
E assim resolvi escrever está crônica, bem pequena, sem graça.
Ficou engraçada?
Porto Alegre,09 de fevereiro de 2017.
Jorge Luiz Bledow