A TV E AS REDES SOCIAIS: imbecilizando o Brasil
Que a crônica é o meu gênero textual predileto, não tenham dúvidas. Estava lendo o grande cronista Rubem Braga, quando me deparei com uma crônica intitulada “Entrevista com Machado de Assis”. Trata-se de uma entrevista na qual Rubens compila várias frases que o próprio Machado de Assis escrevera. A frase que me chamou a atenção veio da resposta à pergunta sobre o que ele pensava do escândalo: “O maior pecado, depois do pecado, é a publicação do pecado. Apenas uma brincadeira de autoria do Braga, mas que me levou imediatamente a pensar nas atrocidades que a TV comete aos seus inocentes telespectadores.
Hoje, a televisão é um item essencial na vida das pessoas das mais diversas classes sociais. É o aparelho eletrônico mais presente na casa dos brasileiros, seja para fins informativos ou de entretenimento. O problema é que a TV se tornou o único meio de acesso à informação e ao entretenimento na maioria dos lares do nosso país. Através das telinhas, uma população toda é manipulada, desde a criança ao idoso. A todo o momento, como um passo de mágica ou coisa do além, vilões são transformados em heróis, verdadeiros Heróis são mandados para sarjeta. O que outrora era, passa não mais a ser, enquanto o que não era, passa legalmente a ser. O supérfluo ganha status de indispensável, enquanto as convicções pessoais, construídas durante a vida, são dissolvidas. Os bens materiais, até então úteis, já não servem mais, devem ser substituídos imediatamente, mesmo que não se tenha dinheiro, ainda assim se pode dividir em suaves prestações a se perderem de vista. A moda transforma o que antes era cafona e combatido em modernidade a ser reproduzida, condenando a todos que não aderir. É a massa sendo conduzida pela televisão. Gabriel, O Pensador, na canção “Até Quando”, já falou sobre essa temática quando assim se referiu à TV:
“A programação existe pra manter você na frente
Na frente da TV, que é pra te entreter
Que é pra você não ver que o programado é você!”
Verdade, quem está imerso nesse cenário maligno, não percebe o mundo real que o cerca. Ratifico as palavras de Gabriel e convido para nossa conversa, o Filósofo Sygmunt Bauman que nos falou sobre a modernidade líquida, onde as pessoas já não conseguem seguir seus próprios princípios. Não sabem o que querem, não compreendem no que se tornaram, já esqueceram suas origens e também não sabem para aonde irão. São as miopias ética, reflexiva e crítica, provocadas pelas horas diárias diante da TV.
Mas é mesmo a TV invencível? Reinará absoluta eternamente? E as redes sociais, não representam uma ameaça à soberania da televisão? Essas dúvidas surgiram quando em visita à casa de um amigo esta semana, encontrei a filha dele, uma adolescente de uns treze anos, assistindo TV ao mesmo tempo em que bisbilhotava um celular, navegando nas redes sociais, por certo e com os fones de ouvido. Enquanto tomávamos um delicioso vinho, fiquei a observar aquela jovem desempenhando com tanta desenvoltura aquela tríplice função.
De fato, aquela cena provocou em mim outra dúvida: Qual o veículo que mais contribui para analfabetizar e imbecilizar a população, a TV ou as redes sociais?