CADA UM INDIGNA-SE COM AS ARMAS QUE TEM
A imprensa, mesmo que não tão ostensiva, políticos, cidadãos, empresários, de todos um pouco, indignam-se com o movimento da polícia do Espírito Santo.
Vejo isto como um reconhecimento, pois dão conta que a polícia é imprescindível, mas também vejo como uma fraqueza da sociedade, pois aperta quem já está estrangulado de tanto dar e quase nada receber.
Também vejo como incapacidade da sociedade, que resigna-se diante da corrupção, diante da incompetência de administradores públicos, diante de peças teatrais nas relações entre instituições e poderes, mas é intolerante com aqueles que estão dispostos a doarem a própria vida por ela.
No último final de semana, quando foi noticiada a participação de policiais militares de Porto Alegre, no tráfico de drogas, algumas pessoas aligeiraram-se para dizer que são casos isolados, acredito que sim, mas chegará o dia em que será rotina, como já acontece em outros países e em algumas localidades do Brasil.
Estas coisas acontecem porque vamos desviando o olhar daquilo que se modifica para o pior, ou seja, se a capacidade de viver melhor dos policiais é ignorada, deixamos correr em paralelo soluções criminosas, claro que não justifica, mas se explica e não adianta esbravejarmos.
O mundo mudou e não para meu espanto esvaiu-se a teoria das três possibilidades:
- Sim senhor!
- Não senhor!
- Quero ir embora!
Digo que não estou espantado, pois me parece que os policiais militares descobriram que são de carne e osso, que deixam uma família esperando-os quando vão trabalhar, que moram mal, que comem mal e não sabem se voltam para casa depois de um dia de serviço!
Claro que teóricos esbravejarão, mas isto não muda o cenário, ou melhor, o teatro de operações.
O planejamento deveria ter previsto que um dia isto aconteceria e oferecer pelo menos três alternativas para quem fosse tomar a decisão!
Como disse um Cabo do 9 BPM, ao então governador Pedro Simon:
- Emoção não enche barriga!
Assim não me emociono também, penso com a razão, torcendo para que dias piores não cheguem!