O Marmiteiro

Muitas pessoas passam dificuldades na vida e colocam determinado empecilho como o Joseph Klimbert dos problemas. Eu não sou nenhum herói, nunca tentei passar essa imagem, e sei muito bem disso. Trabalhar e estudar é a rotina de, pelo menos, 80% da População Economicamente Ativa do país, e eu não fugi disso. Ou seja, sou só mais um dentro das estatísticas. Durante meu período acadêmico, tive muitos problemas, geralmente financeiros, pensei em desistir várias vezes, mas, por outro lado, tinha tempo para estudar e angariar histórias, como essa que vem a seguir.

Um fato interessante aconteceu quando eu trabalhava em uma empresa no centro de Belo Horizonte (não vou citar o nome por questões jurídicas). Saía do serviço às 14:05 e lá não podia esquentar marmita, nesta época, eu ia direto pra aula e, a esta altura, já não pegava o Restaurante Popular aberto.

Sem condições de bancar um almoço em um restaurante diariamente, eu esquentava minha marmita, clandestinamente, e comia na escada entre o 25º andar e o terraço do prédio. Certa vez, uma pessoa ligada à chefia me viu almoçando nesse espaço (não me pergunte o que ela foi fazer lá) e me chamou atenção, disse que não era permitido pelas normas da empresa, bolinha de gude, caixinha de "foscre"... Neste mesmo dia, fui pra aula (a pé) pensando em como eu faria para almoçar no dia seguinte, uma vez que ela ia me monitorar, com toda certeza (aquilo era ardilosa...)

Mas eu tenho uma coisa, que eu trouxe do Cantinho do Céu, que esse pessoal do Santo Antônio não conhece: TMA. Não é Tempo Médio de Atendimento, como usualmente é conhecido em Telemarketing. O meu TMA são as Técnicas de Migué Avançado.

A “Belzebu” saía para almoçar mais ou menos no mesmo horário que eu ia embora (leia-se, ia para a escada almoçar). Eu pedi a ela para ficar meia hora a mais na P.A para terminar alguns acordos. Ela, gananciosa, claro que aceitou e quase me condecorou por bravura – por que aturar aquele lugar seis horas por dia e ainda PEDIR para ficar mais meia hora é coisa de herói. (Ops. Desculpa. No início eu disse que não sou herói, e não sou mesmo). Desta forma, eu ganhei alguns pontinhos com ela e, simultaneamente, meu “horário de almoço” de volta.

Isso por que ela estava mais interessada em que eu fizesse os acordos do que com a quentura da minha marmita. Sorte minha que fui assim até conseguir um outro lugar para trabalhar e que dava tempo de ir almoçar no “Pop”, para os íntimos.

Mas isso são outras marmitas requentadas, etc. e tal...

Igor Rocha BH
Enviado por Igor Rocha BH em 10/02/2017
Código do texto: T5908358
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