UM NORDESTE DE VAGABUNDOS.
Dia destes, em conversa com amigos, eu dizia que nas minhas orações eu pedia pelos refugiados, pelos imigrantes, pelas criança da África e pelo povo nordestino. Meu amigo disse que eu estava errada, porque essa gente é tudo vagabundo, que não quer trabalhar. Assistindo uma reportagem sobre a seca do nordeste ( nenhuma novidade infelizmente), foi mostrado que até os animais selvagens –pumas entre outros- estão vindo para as áreas rurais habitadas, em busca de água, sem encontrar sequer um laguinho de água barrenta para saciar a sede. Terra esturricada, rios secos, vegetação morta, gente de olhos tristes, eis o cenário de boa parte do nordeste. Nesse cenário, como plantar e colhe? Sem água não há vida, sonhos, esperanças. Só resta rezar e olhar para o céu pedindo chuva, mas, que Deus me perdoe, se reza desse jeito, o nordeste seria um oásis. E ainda dizem que receber a “esmola” do bolsa-familia é para sustentar vagabundos. Morei no Ceará por 11 anos. Na época trabalhava na FEBEM-CE, que mantinha vários projetos para crianças e adolescentes em situação de risco. Viajei muito para o interior, supervisionando esses projetos e pude ver de perto, o Rio Jaguaribe, o maior rio seco do mundo, totalmente esturricado, parecendo um quebra-cabeça. Serras e vegetação marrons, secas , sem vida. Mas quando a chuva chega, sertanejo planta e colhe, com a força de sua coragem e resistência. Nordestino não é vagabundo. Quem vive no conforto de suas casas, com tudo o que é necessário para viver com dignidade, não tem a menor idéia do que seja viver sem o bem mais precioso que é a água. Que vivam muito bem os políticos e juízes, que ganham altos salários, auxilio isto e daquilo. A fome do mundo não lhes diz respeito, só os seus interesses pessoais.
UM NORDESTE DE VAGABUNDOS.