Saudades da Luna

Saudades da Luna, minha cadela especial.

Fiz-lhe uma crônica cheia de emoção.

Os olhos lacrimejaram em algum momento.

Mas eu estava feliz, afinal ela melhorava a cada dia!

Comia bem, tomava muita água e brincava às vezes.

Estava idosa e dormia mais que de costume.

Também sobrevivia com vários problemas de saúde.

O olhar dela não sai da minha mente.

Uma mistura de carinho e gratidão.

No dia três de madrugada Luna partiu para sempre.

O aperto no coração, ao mesmo tempo em que me paralisava em choro, fazia-me agir para que meus filhos não a vissem sem vida.

Quando minha filha se preparava para sair logo cedo falei sem rodeios, nos abraçamos.

O silêncio e as lágrimas saíram naturalmente.

Separamo-nos e o dia transcorreu, não normalmente, mas saudosamente.

Telefonei para meu filho e contei, a voz dele saía embargada, triste.

Mais tarde, liguei para minha filha que está trabalhando no exterior.

Através do vídeo- chamada choramos.

Sozinha em casa me desfiz de algumas coisas dela e a tristeza era constante.

Não me esqueço das brincadeiras dela, da espera no portão sempre que eu chegava em casa.

Quando eu saía via os olhos dela por baixo do portão.

Deitava no chão da sala e virava a barriga pra cima para ser acariciada.

E sempre acontecia, ao chegar alguém que ela gostava não saía de perto, com a cabeça na mão da pessoa e costumava até deitar no colo.

Foram poucas pessoas que a Luna não gostou, somente de quem nela ameaçou bater.

Não mordeu, mas rosnou e quando a pessoa aqui chegava nem perto ela ficava.

Ela tinha um dom de saber se algum membro da família não estava bem, deitava perto, passava para ser acariciada e ficava até perceber que a pessoa levantava.

Às vezes nos abraçávamos e ela latia, não sei se era ciúme ou alegria.

Ah que saudade das brincadeiras em jogávamos uma garrafa pet e ela corria para buscar.

Brinquedinho de borracha que entre os dentes exibia, trazia pra gente pegar.

A carinha dela na porta da casinha quando dormia.

Sentava e deitava quando meu filho chegava e entre os dois era só alegria!

Carregada no colo, pesada, a boca aberta com a língua para fora parecia que sorria.

Quando a noite íamos dormir meu marido a chamava:

-“casinha, vamos dormir”, ela ia.

Deitava lá, mas saía e ficava deitada no quintal sob o sereno, esperando o último morador da casa chegar, quando finalmente ela dormia. Bastava um gato aparecer em algum telhado e ela novamente corria.

Foram quase doze anos de felicidade com a Luna.

Que aguentou enquanto pôde e nós fizemos tudo que podíamos para que ela vivesse conosco, mais uns dois meses e uns dias.

Edmeia
Enviado por Edmeia em 08/02/2017
Reeditado em 08/02/2017
Código do texto: T5905896
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