PESSOAS QUE INSPIRAM

Hoje, o vice-diretor me procurou para me tranquilizar sobre algo que estava me incomodando. Mas, o que me chamou a atenção não foi a providência que ele tomou ou como solucionou o problema que me afligia. O que me fez parar para refletir foi o seu jeito de ser. O André, esse é o nome dele, fala sorrindo. Mas, não aquele sorrindo vulgar, incômodo e debochado que a gente vê por aí no atacado. O sorriso dele é doce e, assim, ele se aproxima, puxa uma conversa, dá encaminhamento ao dia, resolve os problemas, compartilha informações. O sorriso está nele como o sol está no céu. Eu sou meio desconfiada com esse negócio de riso fácil, sempre acho que por trás de um longo gargalhar há uma triste alma de palhaço tentando ser aceito para ser feliz; o quê, cá pra nós, é uma escolha bem infeliz. Não dá para ser feliz e agradar a todo mundo. Um velho sábio lá no Tibet já dizia: O princípio da felicidade é aceitar que não dá para agradar a todos. O sorriso do André está nos olhos; outro dia alguém disse isso sobre mim e fiquei bem satisfeita, até porque eu não sou muito de sorrir, mesmo achando muita graça na vida. Já conheci outras pessoas com sorriso nos olhos, muito parecidas com o André; todas estão bem sucedidas. Quem lê esse texto pode até pensar que a “rasgação de seda” é coisa de gente interesseira. Mas, eu não preciso de nada, não é? Como diria a Aurélia Camargo no livro “Senhora”: “Eu sou rica, muito rica!” Risos silenciosos. O fato é que pessoas leves fazem a energia fluir melhor, tornam a vida mais fácil para todo mundo. O critério número um para alguém assumir um lugar de liderança deveria ser a leveza; o carregar o sorriso nos olhos. Mais nos olhos que na boca. Estou prestes a me aposentar e percebo que meus maiores problemas no trabalho envolveram dois tipos de chefes; aqueles “sistemáticos e rigorosos COM OS OUTROS” e o tipo “passivo-agressivo”. O primeiro tipo é perceptível em qualquer lugar; está sempre apontando algo para ser feito, um problema a corrigir, a falha que ninguém notou. Mas, atenção: Ele sempre aponta para os outros e nunca para si mesmo. Preocupa-se, sobretudo, com horários. É o primeiro a chegar e o último a sair, mesmo que seja improdutiva a sua presença durante o expediente. É meticuloso na arrumação do local de trabalho e utiliza o bem público como se fosse privado. A palavra inovação não pertence a seu vocabulário, pois onde ele está as coisas são como são e como tem sido. Sua filosofia é de “Gabriela”: eu nasci assim, eu vivi assim, eu sou mesmo assim e quem quiser que ature ou peça para sair. O outro tipo de chefe é o “passivo-agressivo”. Falando doce e mansamente, ele manda você para o inferno. Estou rindo porque às vezes me identifico. Mas, já me defendo; todo professor merece ser perdoado, pois não é fácil lidar com trezentas ou mais pessoinhas rebeldes sem usar ao menos uma vez no ano um instrumento de controle. Defendida a minha causa, continuo. O problema do “passivo-agressivo” é que ele não demonstra emoções. Subjuga tanto a afetividade para chegar ao tom de voz ideal que ninguém consegue saber a quantas anda o seu humor. Esses são mais prejudiciais que os primeiros. Ele observa você, conversa, sorri, até elogia e, um belo dia, ele se livra de você. É Inseguro e totalitário; não delega poderes por medo de alguém se destacar. Mas, manipula como ninguém a competência alheia. O André me fez sorrir e repensar algumas coisas e é uma benção poder repensar algumas coisas estando às portas da aposentadoria. “Você está viciada no século XIX!!!” Ri muito sozinha depois. É. Como disse em outro texto sobre liderança: “líderes sabem fazer escolhas que mudam o cotidiano, mas também, sabem fazer escolhas que podem mudar comportamentos e instigar novos padrões de cultura e valores.” Depois daquela conversa, tão espontânea e agradável, se dissipou em mim qualquer tipo de desagrado. Outra renovada energia me tomou e, me senti começando. Mas, começando cheia de ideias, não de temor. Lembrei-me da oração que fiz pela manhã antes de sair e de ouvir o Márcio Mendes, lá no carro, indo para a escola: “... a nossa vida é um hoje, não haverá replay... um hoje no qual podemos renovar a nossa aliança com a fidelidade de Deus” E Deus tem-me sido fiel. Gratidão por isso.

Adelaide de Paula Santos, 07/02/2017, às 18:37. Um soleil aqui que benza Deus.

Manhã ótima, muitas ideias, muitos planos. Gente boa do lado.

P.S.: Para quem se interessar o outro texto ao qual me referi é "O PODER DAS ESCOLHAS"

http://www.recantodasletras.com.br/cronicas/5902132

Adelaide Paula
Enviado por Adelaide Paula em 07/02/2017
Reeditado em 07/02/2017
Código do texto: T5905654
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