DOR INTERMINÁVEL DO MARTÍRIO.

Relevante a figura de São Lourenço na Igreja Primitiva.

Lourenço, “Laureamtenens”, significa “Coroa feita de Louro”. Heróis a recebiam por suas vitórias. O Imperador Valeriano, algoz do credo cristão, determinou perseguição aos seus seguidores. Uma das primeiras vítimas foi o Papa Sisto II, martirizado em 258. Lourenço assistiu seu sofrimento e vertendo lágrimas disse-lhe: “Meu pai, para onde vais sem vosso filho? Para onde o Santo Padre, sem o vosso diácono? Jamais oferecestes o sacrifício, sem que eu vos acolitasse? Em que vos desagradei? Encontrastes em mim alguma infidelidade?”

Disse sob martírio Sisto II: “Não te abandono, meu filho! Deus reservou-te provação maior e vitória mais brilhante, pois és jovem e forte; velhice e fraqueza fazem com que tenham pena de mim; daqui a três dias me seguirás.”

Acrescentou ao jovem diácono o que fazer dos tesouros da Igreja, que os doasse aos pobres.

Lourenço assim fez. Instado a levar os tesouros da igreja à autoridade romana cumpriu a ordem: “Eis os tesouros da Igreja : os míseros que levam com resignação a cruz de cada dia, carregam o ouro da virtude; são as almas prediletas do Senhor que valem muito mais que pedras preciosas.”

Diante disso foi determinado seu martírio.Açoitado foi posto sobre brasas

em uma grelha incandescente.

Os eternos desfavorecidos de longa caminhada, os martirizados, seguem a entristecida e interminável jornada pela ausência de socorro, e mesmo comiseração, espalhados pelo mundo. Percorrem martírios, incalculáveis. Só os que sofrem podem pesar a extensão do sofrimento e agruras do martírio, consentido ou não.

São ou não atos de escolha o envolvimento que traz martírio. Mostra a história. As lutas pelas liberdades de agir dentro da lei e se conduzir sem molestar terceiros, encetou ferozes lutas. A cidadania e religiões indicam este cenário. A necessidade material continua a longa trajetória martirizada, no Brasil um retrato desse fenômeno. Ele é, contudo, mundial, origina-se na vontade por escolha de meios melhores recusados por paixões políticas, menores e maiores, com ou sem culpa para quem escolhe. Por quê? Ninguém escolhe o pior ou o que possa retirar seus direitos mínimos. São enganados. A trajetória da humanidade tem se sustentado no engano. Hipocrisia, falácia e populismo são as cordas que vibram ao entremeio de uma lira infernal. Na América Latina esta música tem alta sonoridade.

Quem pode dizer não existir martírio para quem padece fome, como em nossa vizinhança, por exemplo, nos que tinham os “deprimentes” restaurantes populares e agora os encontram fechados?

E os que esperam por remédios, médicos e hospitais e nada lhes é concedido do básico para suas dignidades, cessação de sofrimento, por ausência de assistência à saúde?

Muitos se entregaram ao martírio voluntariamente por defenderem os menos favorecidos, como São Lourenço, um outro lado, de coragem e virtude, consciência máxima da vontade, martírio pela justiça, nos reporta a história, a entrega por amar sem fronteiras, como fez Lourenço.

Essas estradas não têm fim, basta olhar em digressão o que se tinha e o que se tem. Posto de lado avanços tecnológicos o homem continua um progresso desprezível como humanidade. E os martírios ocorrem, mascarados ou não, explícitos em história ou visíveis para alguns na invisibilidade.

Celso Panza
Enviado por Celso Panza em 07/02/2017
Reeditado em 07/02/2017
Código do texto: T5905463
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