um instante de beleza
Os pensamentos estavam a mil, no entanto no pico mais soberbo, na fresta mais precária, vi a moça de suéter amarelo, sorriso de beijo, pele onde o sol deslizava num branco cor de luz e mel. Que guarda a aquele corpo? Aqueles cabelos de luz e caramelo, a pele, tão nova, tão viva, tão me chamando pelos poros.
Ela pôs as mãos nos cabelos e os levantou, o pescoço era um poste iluminado, claro, um pescoço classudo, virgem de maldades, virgem de agonia, um pescoço sensual como um copo de leite espumando . Quase lhe disse: não há necessidade, tua existência já me desmantelou todo por dentro, estava ótima, ja dera mil sois no instante mais ínfimo que lhe percebi, fundações antigas cederam, a felicidade plantou uma muda no coração da minha vida.
No entanto, não seria justo com ela, já que ainda não se sabe sol, mar, relâmpago, gozo, infinito, estrelas estrebuchando de prazer. Uma faísca que expulsou todo o medo.
Em outros tempos buscaria seu nome, uma chance para lhe tocar, dizer dos meus desejos, talvez satisfazê-los num abraço de corpo e abrigo. Mas ai já não seria a mulher que como um trovão acendeu toda uma existência, um menina crescida desfeita de tédio e angustia, seria outra mulher emoldurada na minha fome sem fim, dos meus abismos, das minha faltas de sentido e amor. Deixei-a, mas o seu seu efeito, como uma mangueira ao vento me fez misterioso pra mim mesmo, me fez fugaz e satisfeito com o mistério dessa imensa vida, que tanto eu quanto ela buscamos viver.