Me apaixonei
Há muitos anos fui a uma apresentação de ballet, e foi exatamente onde e quando a magia aconteceu, fiquei completamente paralisada não pela dança mas pelo seu complemente cênico. Como criança que era fiquei encantada pelas coxias que faziam com que os bailarinos sumissem, pelos figurinos chamativos e todo o brilho complementar, a apresentação de cada um em si, como se uma essência maior fosse parte de tudo. Me apaixonei completamente no instante em que eles correram ao agradecimento final e a platéia se encheu com o som dos aplausos, gritos e assovios. Precisava daquilo.
Aos 10 comecei a correr atrás e descobri que paixão e amor são conceitos completamente distintos, justamente por ter chego à parte do amor, e aconteceu. A textura do linóleo recém-colocado, os holofotes diretamente à posições específicas do palco, o cheiro da espuma dos assentos e o destaque da sala de projeção. Até que ouvi a primeira das três soadas da campainha e meu coração explodiu de ansiedade, alegria, satisfação e principalmente, amor. Era, definitivamente, amor.
Hoje, tenho a chance de viver perto das sensações alucinantes dadas à mim pelos palcos, também, junto à correria dos camarins e ao backstage completamente confuso. Hoje, vivo de amor, e nada mais.