Crânio obliterado.
Sempre que ouço o termo "cérebro engessado" para fazer analogia ao fanatismo de alguém, lembro de um episódio em sala de aula quando ensinava biologia. Estava usando um modelo de crânio em gesso para explicar sua anatomia, suas partes e suturas. Foi quando um aluno falou para o outro que o cérebro dele era 'engessado e obturado', se referindo à cabeça dura do colega, devido a ideias fixas e outras intempéries do aluno em sala de aula, o qual não gostou nada da zoeira dos colegas e quase saíram no tapa. Acalmei a briga e aproveitei para falar de uma anomalia que não estava no assunto, a "obliteração precoce do crânio" (soldadura precoce de suturas cranianas). Havendo uma obliteração antes dos dois primeiros meses de vida, o desenvolvimento do encéfalo fica comprometido e o indivíduo pode apresentar uma série de anomalias, não se descartando até a possibilidade de um retardo mental. O que não era o caso do aluno, que de retardado não tinha nada, apenas era muito teimoso e polêmico. Basta dizer que ele era fanático pelo então presidente João Figueiredo, o que gerava polêmica entre seus colegas de terceiro ano colegial.
Mas, Ideia fixa, fanatismo, teimosia, preconceito, radicalismo, que algumas pessoas possuem, nada tem a ver com cérebro ou crânio obliterado. Trata-se muitas vezes de educação, cultura, falta de senso crítico e de uma boa leitura que leve a reflexão e discernimento para entender e aceitar uma situação ou opinião, que deve ser respeitada. Muito embora, havendo exagero, essas atitudes possam apontar um certo desequilíbrio psíquico porque inebria a razão, segundo os psiquiatras. Portanto, cérebro engessado é apenas uma analogia referente aos fanáticos, e desengessar a mente é saudável, rompe o conformismo e faz crescer.