A bronca de Júpiter
Deus, fazendo a sua ronda habitual pelas bandas do universo, ao passar no meio de um dos braços da Via Láctea aberto sobre a eternidade, lá onde os planetas são escravizados pela força gravitacional de uma estrela vaidosa e egoísta, notou um certo burburinho na atmosfera dos gigantes gasosos e resolveu saber do que se tratava. Para sua surpresa, percebeu que algo de muito nebuloso estava acontecendo bem debaixo das suas barbas tão imaculadas. Júpiter, o "João Grandão do Sistema Solar", aquele cara que é frequentemente alvo de assassinos sorrateiros fumegantes que viajam pelo espaço intergaláctico, anunciando a ruína e a destruição pelo fogo, estava resmungando junto aos seus amigos mais chegados - Saturno, Urano e Netuno , a respeito de como a Terra, ao longo de seus 4,6 bilhões de anos, tem sido extensamente beneficiada pelas benesses do Criador; enquanto ele, durante toda a sua miserável existência celestial, cercado de luas fedorentas de fazer inveja a qualquer lixão do Brasil, jogado às traças- lá onde Deus perdeu as digitais , não conheceu outra coisa senão levar porrada de todos os lados, para livrar a "queridinha do papai" de todo o perigo que vem do espaço. E desabafou: Por que eu sempre tenho que me ferrar?