Se...
Gilberto Carvalho Pereira – Fortaleza, 3 de fevereiro de 2017
Em nossa vida temos vários caminhos à escolha. Quem é dono do nosso destino? Na infância e na adolescência, nossos pais ou aqueles que se tornaram nossos protetores. Para alguns, a rua, o sol e as estrelas. Felizmente eu tive, desde o nascimento, amparo familiar que me garantiu estabilidade emocional, caráter e educação formal. Ainda no início da fase adulta, tomei uma decisão: sair da saia da mãe e ir para São Paulo, estudar. De lá fui para a Bahia, casei-me e fui para Belém, transferido, a pedido, pela empresa na qual trabalhava. Tive três filhos que me deram, até agora, sete netos.
Mas, uma pergunta me vem sempre à mente, como seria minha vida se eu tivesse trilhado outro caminho? Se eu não tivesse ido para São Paulo? Se eu não tivesse ido para a Bahia, para o Pará? Se eu tivesse ficado em Fortaleza, ao lado de minha família?
Quando deixei Fortaleza, perdi o contato dos amigos de infância e adolescência, do colégio, até mesmo de alguns familiares, primos, principalmente. Ao voltar, quase cinquenta anos depois, não consegui recuperar muitos, quase nada, mas tive a felicidade de retornar ao convívio familiar, dos pais, irmãos, tios e alguns primos. Infelizmente, meus pais e dois irmãos, deixaram o nosso convívio, faleceram precocemente.
Sei que essa dúvida nunca será esclarecida, igualmente, como não sabemos como vai ser o nosso futuro. Por mais que queiramos planejar nossa vida, não existem regras que formulem nem mesmo o nosso dia a dia. Sei que estrategistas estabelecem técnicas para auxiliar na concretização daquelas ações mais imediatas, mas qualquer desarranjo, desvio, acontecimento infortúnio, pode fazer desmoronar toda estratégia estabelecida.
Então, como ficamos? “Sentados no trono de um apartamento, com a boca escancarada cheia de dentes, esperando a morte chegar”? Claro que não! Devemos preparar nossa caminhada em cada etapa de nossa vida: infância, adolescência; adulta e continuar até nossos derradeiros dias, isto é, enquanto nossas forças, mobilidade e vontade de viver nos permitir. Cada etapa, dependendo das condições familiares e pessoais, deve ser encarada como uma sucessão de acontecimentos relacionados a uma possível ordem, que para uns, ditada por um ser superior, Deus, Buda etc. Para outros, de natureza cósmica, regida pelos astros, por forças magnéticas, que coloca todo o universo interligado, em sincronia, guiando nossas vidas a todo o instante.
Acredito que sempre teremos chance de corrigir nossa trajetória, dar um novo rumo em nossa vida. Essa mudança estará condicionada à nossa vontade, à nossa força de vontade. Não precisa nem desenhar novo caminho a percorrer, pode ser o mesmo, basta eliminar os entraves e aquilo que não deu certo, se é que conseguimos determiná-los. Às vezes, será necessária uma guinada de 350 graus, pois, se for de 360 graus, estaremos voltando aos primeiros passos, o que não seria legal, cairemos na mesma esparrela, isto é, voltar ao início sem aproveitar daquilo pelo que passamos, as experiências exitosas.
O importante, entretanto, é termos consciência que a nossa passagem pelo Planeta Terra é curta, para alguns, muito curta, restando vivermos da melhor maneira que nos for agradável. Sigamos em frente, até quando isso for possível.