UM MINUTO PARA O FIM DO MUNDO
"O que faz um bar continuar à tocar, em altos decibéis, músicas detestáveis às 23:34 da noite de uma sexta-feira? O funk obsceno e alienante dá lugar ao brega de duplo sentido. Logo após vem um forró romântico cheio que ginga e dor de cotovelo. As músicas nem tocam por completo aff....A última "tralha" sonora foi interrompida pelo tal do " som universitário", pois de sertanejo, isso em nada lembra. Nunca fui tão apeciador do som regional, mas o som das violas caipiras me agradam, assim como as melodias de Almir Sater. Mas, hoje, alguém coloca o chapéu de boiadeiro com um jeans rasgado e vira celebridade. Cantam de tudo, menos sobre a alegria e os dissabores do homem do campo.
Agora o funk vem novamente com um dedilhado roubado de alguma outra canção. Eles já fizeram isso com uma canção do Red Hot Chilli Peppers. Nada mais absurdo! Aí faz-se a junção do dedilhado roubado com o "tamborzão" e tudo certo. Meu ouvido que se dane, eles devem assim pensar.
Incoerentemente, a caixa de música dos infernos traz um rock dos anos 80. Parece uma mistura do Ira com Camisa de Vênus. Não consegui identificar. À essa altura até se tocassem Metal eu não mudaria a opinião. Como podem conviver com essa salada rítmica tão ridícula? Ás 23:52 percebo que é Camisa de Vênus mesmo. O louco do Marcelo Nova grita "aleluia, aleluia" e se apresenta como Padre Marcelo nessa faixa ao vivo. Isso sim é um black metal de verdade.
Agora, segundo o novo funk que toca em sequência, quem deve aproveitar a mamadeira que está cheia? O letrista do bizarro lixo sonoro não está preocupado em orientar os pais de primeira viagem. Não é a mamadeira que damos para nossos filhos que eles mencionam. Não mesmo!
Ás 23:59 eu desisto. Para mim, falta só "um minuto para o fim do mundo". Acho que esse é o título de alguma música do CPM 22. O fim do mundo chegou e um novo funk verbaliza: " aprende a poesia, aprende a poesia". Afinal, do que esses caras estão falando? De que poema eles estão se referindo?
O fim do mundo chegou. O inferno fechou as portas temporariamente enquanto lhes escrevo essas últimas palavras. Ouço o som dos portais das trevas batendo um contra o outro e despedindo os últimos clientes. Agora eu posso dormir e sonharei ao som de "Iceberg Dances" do Sepultura e com as harpas tocadas pelas mãos do rei David. Nada mais homogêneo.
Sei que a noite de sábado chegará e uma nova catarse terá de ser feita até que eu alcance o Nirvana, segundo o budismo, ou o Insight, segundo a Psicanálise."