Anjos caídos
Barro molhado de suor e lágrimas. A morte que dança em seu espetáculo. Na ampulheta o sangue escorre. O sangue de todas as nações. Todas sem noção... Homem selado que vira cavalo, que puxa carroça, que não tem nem direito a pasto. Pessoas que só sabem olhar para os argueiros nos olhos das outras pessoas. Falando mal, invejando e odiando. Esquecem que seus rostos são espelhos.
O ódio esmurrando uma parede, lutando corpo a corpo com o fogo. Lançando venenos químicos nos rios para beber sua água em seguida. Há muito que o ar deixou de ser puro. Mas continuam matando o mundo. Esquecem que nós é que somos o tudo. Bola de borracha contra o muro.
Miséria, fome, vergonha... De quem são os filhos? Da boca pra fora são todos irmãos... Lamentável velho mundo novo... A era da informação e da globalização. Guerras longas e violentas. Meninos morrendo sem ao menos saberem direito porque e por quem... Armas químicas e ogivas nucleares suicidas. E há ainda a guerra da fome, do preconceito e da diferença. Um teatro macabro e ridículo, onde os atores são vítimas e assassinos. Nós não precisamos de nada disto...
Se a água do mar fosse doce e cristalina o homem colocaria marca e venderia. Filhos ingratos desta mãe gentil. Que só maltratam, só agridem. Imaginam um inferno em chamas e um diabo com chifres... O inferno é você mesmo quem faz, arquiteto do destino e do carma. Os anjos caídos são vocês mesmos. Humanidade... Como é que vocês querem voltar? Quem tem chifres e rabo é boi e vaca. O diabo é a ilusão que cega e fascina, é o mal nosso de cada dia, é a ganância, a ignorância, a hipocrisia. Colocando irmão contra irmão. Pai que mata o próprio filho. Anjos caídos que deixaram o paraíso. Repetem a vergonha de Babel... Só poderá existir uma língua! E esta língua se chama amor... Enquanto não houver tal coisa Deus derrubará a torre, o inferno continuará existindo dentro de suas próprias casas, nos espelhos de seus banheiros e você continuará sendo um anjo caído... Ciclo após ciclo... Pois o mundo somos todos nós. Microcosmos, reflexos do infinito. Maníacos suicidas...