CHEGARA A HORA DE DESCASAR
A cada dois anos a Presidência da agremiação era trocada, mas um bajulador conseguia mater-se num carguinho, bem na porta do estádio, de onde podia lamber as solas de todos que tinham mando.
Ele já conseguira tempo de contribuição para aposentar-se com um bom salário.
Quando soube que o dindo seria presidente novamente, apanhou uma prancheta, pôs uma lista de todos os subalternos, o porteiro, o cara do cafezinho, o telefonista, alguns motoristas e atacava-os no estacionamento, bem aos olhares de todos, inclusive do presidente que aguardava o início da gestão. No diálogo ele perguntava se o listado desejava ficar, se precisava daquele emprego, se gostava do presidente eleito, conforme a resposta ele dizia que iria interceder para que o entrevistado permanecesse e talvez tivesse um aumento salarial. Uma brincadeira besta.
No dia em que o presidente assumiu, chamou algumas pessoas, inclusive o bajulador. Na rápida reunião ele anunciou quem seria isto, quem seria aquilo. Agradeceu os bons trabalhos do bajulador, durante os vinte anos que esteve ali e disse-lhe que passasse no setor de pessoal, pois estava na hora dele descansar.