Quase comuns

Quase comuns

Crônica de Delasnieve Daspet

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Todas as manhas me exercito. Meia hora de bicicleta ( na marra, o Nelson comprou uma – para mim....). Agora, quando não pedalo meu organismo cobra.

Impressionante como nos adaptamos até as coisas mais chatas.

Depois cuido de minha casa. Gosto. É um prazer ver tudo em ordem, principalmente, os banheiros perfumados.

Tomo meu café ( que o Nelson cuida); leio o jornal e vou mexer com o almoço. Cozinho todos os dias para nós.

A cozinha, para mim, é um poema com odor, cor e sabor.

E, é, também, a maneira de me agradar e agradar a quem em acompanha. Um momento dedicado ao nosso gosto e paladar.

Dou uma olhada na internet. Vejo se tem alguma correspondência para eu ler e responder.

Depois, vou cuidar das minhas poesias.

Leio-as em voz alta para sentir, ouvir e “ver” o ritmo e a melodia do que escrevi.

Leio, primeiro, em voz baixa. Depois, mais alto. Saio de mim, e ouço ao longe, as mensagens que quero transmitir.

Sou a declamadora e minha plateia.

Gostaria de ler para mais pessoas; sentar ao chão, distribuir as poesia, e, ouvir a voz de cada interpretação.

Tenho amigos que interpretam o poema, vivem cada verso, de forma pungente ou alegre...

Sentir o sangue escorrendo ou a lágrima morrendo nos lábios!

Outros, são tímidos!

Os poetas, geralmente, são tímidos... por isso são solitários. Escrevem para si e para outrem aquilo que não conseguem dizer em palavras.

Pois é... o poeta é de fato um louco... Claro que sim...

Imaginam e choram por uma separação que talvez não ocorra...

Procuram um caminho pelo qual jamais poderão seguir...

E, assim, volitam, volitam... e, volitam... Jamais chegam!

São quase pessoas comuns.

Campo Grande MS