CYBER LOVE.
Bem, o Bauman ( sociólogo polonês) aborda ,sob alguns aspectos, a fragilidade e superficialidade dos relacionamentos, tanto na esfera dos amores românticos, quanto nas relações humanas de modo geral. E atribui como uma das causas dessa pouca durabilidade, o avanço tecnológico da vida moderna, onde impera a conectividade.
Decerto que os meios da comunicação instantânea chegaram para ficar. Não há como negar. Chegaram para deleite da geração Cyber e desespero dos, digamos assim, "mais experientes", e menos informatizados, donos de uma vida nascida num passado distante. Mas o tempo não para, e precisamos acompanhar sua evolução para que não fiquemos perdidos num passado que não mais voltará. É tendência natural a mudança dos hábitos e costumes de acordo com cada época em que vivemos. Vivemos ciclos que vão e voltam de diferentes maneiras. Hoje, temos um "boom" tecnológico e um afastamento do que é "Ser Humano". Os relacionamentos e os sentimentos não escaparam às mudanças dos tempos. Mas agora, discordando um pouco do que diz o sociólogo não acho que essa fluidez, principalmente, no que diz respeito às relações amorosas, seja consequência, dos modernos meios de comunicação.
Acredito que as redes sociais, os sites de relacionamentos, tenham contribuído,sim, para um maior número de encontros e consequentemente, também, de desencontros. Hoje, é possível conhecer novas pessoas, no conforto de sua casa. Antes, era preciso sair às ruas, frequentar barzinhos, cinemas, festas e ter a sorte (ou azar) de encontrar alguém "compatível"...rs.
Vejo as redes sociais como veículos de aproximação, independente do resultado final. Conta ponto, nesse caso, aquele que por meio da escrita, saiba expor seus sentimentos de modo verdadeiro. Não acredito na banalização do amor como sugere o Baumam. Pode haver sim, nas redes sociais, variados interesses de seus usuários. Há mentiras, falsidades e perigos. Assim, como também, pode haver tudo isso, num encontro "real", em uma mesa de bar.
Não posso e não quero acreditar que as relações humanas possam ser tratadas e trocadas como mercadorias.
O avanço tecnológico, a princípio, chegou para facilitar a nossa vida. Confesso que faço pouco uso do que me é oferecido quando se trata da comunicação virtual. Isso vai depender muito da vida, da necessidade e da profissão de cada um.
O problema, de fato, é o mau uso daquilo que chegou para nos ajudar. Devemos procurar o caminho do meio, o equilíbrio, em tudo. É preciso dosar.
Atribuo a pouca duração de uma relação, a outros fatores existentes tanto no mundo virtual como no real. Atrás de cada telinha há uma pessoa real, quem sabe, talvez, ávida por encontrar um amor, sim. Por que não? Não defendo, aqui, por exemplo, a decisão precipitada de dar um click e já sair achando que encontrou o amor da sua vida e já partir para uma vida a dois. Não, não é isso. Conhecer alguém leva tempo, todo o processo é lento. Conhecer alguém de verdade, às vezes, leva toda uma vida. E, mesmo assim, poderemos nos surpreender de forma negativa.. Apenas acho que o meio pelo qual esse encontro acontece é indiferente.
O medo de amar sempre existiu, independentemente das redes. Apaixonar-se pode ser o maior, o melhor e o mais terrível dos comprometimentos. Em algum momento, é quase certo, virá o sofrimento. Ele virá quando um dos envolvidos desapaixonar-se, virá disfarçado de saudade ou de alguma outra forma, ele virá. E nem todos estão suficientemente preparados para tamanha desilusão. As pessoas temem, também, o "desamar"; a beleza de amar, ao contrário.
Essa descartabilidade "amorosa", sempre existiu. Agora, em maior escala. Mudaram-se os meios. Sem dúvida, a internet é um veículo facilitador quando se deseja por fim a uma relação. Mas não é a culpada. Uma relação não dá certo, por "N" motivos.
. ... Seja ela virtual ou real. Às vezes, os remendos pegam mal e onde deveria haver carinho e amor, restam apenas, mágoas. O amor, na minha opinião, continua sendo o grande responsável pela união e felicidade nesse "Admirável Mundo Novo".
Relacionamentos longos, nem sempre, são sinônimos de relacionamentos felizes. Hoje, as relações duram menos, porque cada um sabe o que quer para si. Não há aliança nem contrato que consiga manter feliz uma união estável, onde já não haja mais amor, paixão, carinho, desejo e respeito.
Eu ainda acredito no amor. Não importa se virtual ou real . Não importa de que modo ele é alimentado. Não importa de que modo ele é sentido. Se sentimos que ele existe, tudo o que podemos desejar, é que ele dure o tempo de um tempo feliz.
Elenice Bastos.