Herança do Éden
Olá amigos! Quanto tempo!(?)
É... Essa é a sensação que tenho agora, de que há tempos não nos vemos... Sim, pois quando me permito a escrita eu vejo todos vocês, e no que se refere a "vocês" conta-se milhares... Peço licença para a auto contemplação; pois é, o tempo ensina a bater na porta!
- Herança do Éden-
Pensei em muitas coisas a se escrever nessa noite em que uma antiga chaga se faz viva... No entanto, diante a treva forjada da luz deixo verter lágrimas que ainda ouso ter... Nesta santa hora, que em adoração personalizada, vivo intensamente o luto, termino o minuto eterno de silêncio em honra da morte de minha fé!
Cruzei os pórticos da casa do Senhor e diante a cruz esse coração convertido, que outrora queimava magma quente feito vulcão, é tão somente pedra, uma montanha que não canso de subir em busca do ar puro e o frescor da solidão!
Tentando ouvir a voz do Tetragrammatom, rancoroso Senhor Sabaoth, que feriu com sua onipotência, que esmagou com sua compaixão!
Que persegue e mata a própria criatura, que jogada em mar de perguntas, se afoga na busca por respostas!
E condenado somos por ser o que somos, filhos do carbono que por mérito do livre arbítrio tudo pode escolher, porém não escolheu ser concebido dos eons do Deus cupido.
E na resiliência dos joelhos que se dobram, e no gozo elevado ao máximo da potência atômica, a vaidade devora o amor... E o que é o amor se não um grito mudo em terra de cegos e surdos?
Quão benéfica é a ignorância das débeis e perdidas ovelhas, bichinhos sedentos pela voz de um pastor!
Bichinhos amedrontados, adestrados pelo chicote cruel do Senhor, que manchou o amor de ódio, barganha seu paraíso e que se matem os homens e que as nações se destruam, desde que para ele se ofertem todas as hosanas, glorias e aleluias! Ele precisa, antes de qualquer coisa, ser idolatrado, talvez criou o homem para ser lembrado e não esquecer na vastidão da eternidade a sua onisciência!
Que a bandeira negra da deturpada paz cubra a verdade e que ela seja tão somente imperialismo de um ser "onipotentemente" saturado de glória e doecido!
Ha! Como queria eu te amar, tal como tuas ignaras ovelhinhas!
Que verdade tão cruel que tua face refletida na humanidade mostrou!
Eu vi a solidão dos que, em contratempo de teu coração, conseguem amar e ver que tu é pequeno para ter na conta das mãos a própria criação!
Quando me decepcionou aquele que está acima de tudo que há?
Foi quando entendi minha própria incapacidade de amar?
Venha até mim algum tolo adoecido com o vírus da fé!
Pois cansei diante essa mente que não ensaiou pensar, que não arquitetou esse saber obscuro que faz invejar a sabedoria do burro!
Vejo a decadência do mundo e me envergonho dessa vaidosa humildade que arrasto como esfarrapado manto de estrelas, vaidade modesta que me turba a alma ao constatar que tenho o coração imune ao desastre da intolerância desses guerreiros sanguinários, mercenários de uma distorcida promessa de fulguras, obscuros guerreiros da luz, raivosos e violentos mensageiros do amor maior!
Me repugna essa bondade que se eleva diante a pérfida humanidade... Como ouso me sentir melhor?
Como ouso jugar-me capaz de por-me em justa conta por simplesmente conceber que a criação tornou-se maior que a própria grandeza de seu criador?
Que ousado andarilho do universo atirando estrelas na face do Senhor que as forjou!
Céus, o que sou?
A mão de seda que retalhou os dedos nos espinhos da Rosa de Sarom?
Coração que de vulcão fez-se montanha fria... Porém nessa manhã que se inicia, toca o sol meu topo, as minhas planícies e meus pastos! Faz evaporar os lagos térmicos de minhas lágrimas... Chove nas terras de meu coração!
E eu posso sentir o toque caloroso e terno de Atom!
E vejo que há vida na montanha! Há paz verdejante e animaizinhos pastando em liberdade!
No desespero da injustiça da deidade, não se pode ver a opalescência do simples!
Tão Belos lírios cobrem os meus vales!
Há pássaros cantando, sol e lua em palco de luz estão dançando!
A canção fala do criador nascendo no âmago de pequenos atos de amor, imperceptíveis!
Uma imagem intocada pela perversidade do homem, e por assim ser não é defeituosa, e Ele vive despercebido, amoroso na água que é pra todos e na justiça do dia e da noite que não cessa seu ciclo independente do merecimento de cada um!
Ele sorri e chora diante a história, tão solitário quanto os escravos do engano que o ergue entre as nações!
Nada pode fazer, pois seus filhos são livres!
Eu vi, eu senti...Eu entendi as feridas no coração de Deus... E eu, sua imagem e semelhança, estou com ele trancafiado na consciência a fim de conservar um fio pequeno de esperança!
Não me julgue ovelhinha...
Ele, o Senhor, me entende, pois me alimentou de maçãs no Éden de minha mente!
L. Thoreserc . . . x . . . x . . . x