Tem vezes que me perguntam se eu posso ensinar os meus exercícios por e-mail. Respondo sempre que a parte mais fácil do exercício é ele por si só. O mais difícil não pode ser ensinado à distância, pois carece do contato entre o professor e o aprendiz. No início principalmente, mostrar ao discípulo como se relaxa, como se chega ao ponto ideal de respiração e principalmente como se faz cada prática e o grau de concentração, torna complicado o ensino a distancia.

 

Outro dia um leitor me perguntou como eu faço para escrever os textos sempre em quatro parágrafos e geralmente com a mesma quantidade de linha. Eu respondi que era a mesma coisa que perguntar a um pintor, de onde ele tira as imagens que põe no papel, ou ao músico, de onde vêm as notas que ele coloca nas pautas musicais. O princípio de tudo está na ligação que tem o artista com a sua obra, em seu coração, versado em dedicação, esforço produtivo e amor.

 

Não é simples, apesar da simplicidade dos exercícios fazê-los sem conhecer os seus preceitos, o sentimento e o pensamento justo para cada ocasião. A prática por si só pode ser feita em qualquer lugar, pois o corpo bem adestrado pode fazer o movimento que a alma quiser, sem muito esforço. Mas somente o conhecimento de si e o entendimento de nossos limites mais internos podem nos levar à prática da perfeição e a entrega correta do esforço produtivo.

 

A lida nas coisas espirituais é tão simples que parece coisa de criança, mas quando tentamos imitar as crianças, percebemos logo que não estamos mais aptos a fazer aquilo que fazíamos num outro tempo com tanta facilidade. Perdemos a elasticidade e a sincronia e não temos mais a pureza infantil para enfrentar as nossas derrotas. Tornamos-nos rígidos, não nos satisfazemos com os avanços lentos e desejamos respostas rápidas. Tudo é um exercício.