Erros (?)
A vida é uma eterna espera pelo não dar certo.
Queremos errar para, através da máscara das convenções, tornarmo-nos cientes dos nossos acertos. Ansiamos os erros alheios para apontar-lhes a cara e, quem sabe, ganharmos um resquício de superioridade. Seguimos um manual inventado pelo inverso e nos perdemos na ânsia de cumpri-lo.
Nada faz tanto sentido depois da meia noite e algumas doses de álcool queimando a garganta, sobretudo, nada mais parece um erro. Os erros só são erros pela manhã, chegam com o sol e, junto com ele, queimam e afagam a pele. São saudados como entes queridos e remediados com doses quentes e densas de café na casa, agora metamorfoseada em um bar de afogar mágoas tocando Belchior.