QUANTOS SÃO OS DAS MINORIAS?
Certa feita, no final da década de 80 do século passado, um grupo de trabalho discutia o álcool no trânsito.
O trabalho que era para durar dois meses, estendeu-se por quase um ano. Por quê?
- Necessidade em nivelar o conhecimento entre os participantes e depurar alguns participantes que teimavam em aceitar o entendimento do que era alcoolista e dizerem-nas como minorias.
Na ocasião, estudos apontaram que em média 27% dos adultos eram alcoolistas. De quebra os estudos estimavam que 25% consumiam drogas ilícitas.
Na apresentação, num sábado nebuloso, com cara de outono, no anfiteatro do Palácio das Polícia Civil, algumas pessoas na magra platéia deixaram escapar um oh de surpresa e trocaram olhares de socorro, como se quisessem que alguém levantasse e protestasse, diante daquela agressão coletiva.
Lá do lado de fora, no dia a dia, as coisas também são assim, embora já não cabendo mais dentro da garrafa a maioria rebela-se ao serem sentenciadas como alcoolistas.
Nestas condições o ruim não é o diagnóstico, mas negação, pois transforma-o em sentença.
De lá para cá, quase 30 anos se passaram, como se caminhantes estivessem andando em ruas estreitas, cheias de ruelas e becos escuros.
Cada um deles infestados de minorias sofredoras, de onde pediam esmolas daquilo que as pertenciam. Em alguns deles parecendo haver um espelho onde os próprios caminhantes podiam enxergarem-se como um dos habitantes lá do fundo.
Volta e meia saltava um, que de braços aberto, sorriso largo, gritava:
- Eu sou isto, eu sou aquilo e é meu direito, então vamos todos ser felizes, pois ninguém tem nada com isto!
Também havia aqueles que tentavam puxá-lo de volta e até arrastar caminhantes lá para o fundo.
Na saída da estreita rua, já na grande avenida, havia um amontoado de fantasias, todas tristes e sofridas, contrastando com a felicidade de quem conseguiu desvesti-las e tornar-se o próprio eu de si.
Então o bom para libertarem-se dos becos e ruelas não é puxar mais almas para dentro, mas desocupá-los assumindo-se como são, sem fantasias torturantes!