La La Land ou o que esse cara sabe sobre pessoas solitárias
Fui ver La La Land, assim como grande parte do mundo também foi ou vai. É magnífico, é lindo!
Compõe o filme uma série de referências aos grandes clássicos do passado, a James Dean e só isso valeria, mas é mais que isso. É a temática universal da renúncia, do que poderia ter sido e não foi. Dos sonhos desfeitos, da solidão. Como elemento catalisador, há o jazz – a base, melódica que dá suporte à história – nos transportando a um mundo paralelo, nos jogando de cara no sentimento das personagens como se tivéssemos o poder de confluir, de incendiar, de viver vidas alternativas ao som de Count Basie, aos dedos estalares. Assim.
E as estrelas. E o Planetário onde James Dean, Sal Mineo e Natalie Wood estiveram um dia. Ali, diante daquele cenário, eu era só um menininho rodesiano quando penso que chorei ao ver pela primeira vez a cena em que Platão (Sal) após ouvir o astrônomo falar na “eterna solidão dos espaços siderais” diz baixinho “o que esse cara sabe sobre pessoas solitárias?” Chorei sim! Nessa noite, no Atrium, claro que baixinho pra ninguém ver / ouvir, eu chorei de novo ao relembrar Platão, Jim Stark, Judy e a solidão.
No retorno, pra quebrar o silêncio, tentei fazer um pequeno reparo ao filme de ordem meramente intelectual. A crítica que se faz ao samba, como se fosse este um elemento de contraposição ao jazz, nivelando o samba – riquíssimo – a mexicanas coisas que desconheço, e encaixotando tudo isso como sendo conflitantes à evolução jazzística e não, não é isso. Poderiam ter escolhido outro ritmo musical pra fazer o contraponto, mas não o samba que bem ao seu estilo entrou de gaiato no roteiro. O Samba tem em seu currículo a Bossa Nova, riquíssima vertente, que deu nova dinâmica ao jazz. Merecia mais. Mas como disse meu amigo Jones, esta foi a menos importante das coisas, só um deslize do Diretor ou do roteirista. Não concordo que tenha sido uma falha pequena, mas tudo bem, tudo pela amizade que é a melhor coisa do mundo e além do mais é o que dá pau na solidão.