O TRIO JORRANDO AMOR EM OCEANO

Acordei e cliquei na imagem. Era um trio de sorrisos que pareciam marketing humano. Três nomes de Pernambuco. Três peles e tamanhos diferentes. Mas não era publicidade. Era busca ativa de amor, de lar e de afagos desmedidos. Três números que assustam na passagem fria do tempo e da idade.

E pensei no terceto de um soneto. Amor não se cobra; amor não se mede; amor não se calcula; amor não é raiz cúbica.

Em um clique seco de mouse li um comentário compulsivo: “eu adoto o menor e os maiores não posso levar”. Soa em minha alma uma quase música a palo seco como a poesia de João Cabral de Melo Neto em pleno sertão Capibaribe. Corta-se o amor como uma faca só lâmina e separam-se as almas de Severinos?

Não. O amor haverá de ser e existir em três vozes no tempo em que a semente brotar e sair da aridez e acidez de um arquivo frio de números processuais 007007007. Números são dados. Amores são afetos, cheiros, toques, afeição, mimos, colo e sorrisos. Adoção não pode ser uma rosa de malmequer, ou mamãe mandou escolher este maior e como sou teimosa vou escolher este menor.

O amor em três vozes nascerá como um hino “Jesus, alegria dos homens”. E da canção a semente será motivada para o desabrochar da vida em flor. Porque haverá uma família com doçura da árvore maternal, aquela capaz de dar seus frutos na estação certa, na medida exata, pois irmãos são como duas bananas gêmeas que nascem grudadas e não tem graça alguma comer só uma.

Irmão não é rio correndo para cima. Irmãos haverão de ser como as duas águas que seguem na mesma direção. Irmãos ainda que diferentes como a água do rio Amazonas e do Rio Negro andam colados até o reencontro das duas e muitas águas em um só oceano.

Um abraço de adoção no leitor!

Rosidelma Fraga.

Boa Vista- RR, 29 de Janeiro de 2017.