QUANDO UM GESTO EDUCADO SE TRANSFORMA NUM PESADELO

Qualquer pessoa, em sã consciência, que passa por alguma rua do seu bairro ou no centro da cidade, nunca está isenta de ser solicitada para prestar um pequeno favor. Quer seja dando uma simples informação, como por exemplo, nome de alguma rua, avenida, quer apenas informando a hora a alguém. Além destes pequenos favores, por outro lado, há outro que não é assim tão comum, mas pode acontecer com qualquer pessoa.

Estou me referindo, por exemplo, quando um motorista para o carro em algum trecho de uma via pública, talvez por motivos alheios à sua vontade e solicita a ajuda de algum transeunte que o ajude a empurrá-lo. Por mais que este esteja indo resolver algum problema e sem desconfiar de nada, não titubeia e, incontinenti, resolve prestar aquela simples ajuda, gentileza e e pequeno favor. O problema só começa, quando por acaso passa um carro da polícia e ao desconfiar daquela situação, resolve abordar aquelas pessoas e faz ali mesmo, no meio da rua, uma autuação de rotina. E, coincidentemente, ao descobrir que aquele carro acabou de ser roubado, resolve levar aquelas duas pessoas ao posto policial para registrar a ocorrência. Só que, neste ínterim, aquela pessoa que nada tinha a ver com aquela situação espúria, ou seja, simplesmente tinha resolvido fazer apenas um favor, ajudando aquele indivíduo a empurrar o tal carro, achando que se tratava de algum problema de bateria ou similar, tentava convencer os policiais que era totalmente inocente, mesmo mostrando os documentos solicitados por eles, não conseguiu êxito nesta apelação. Eles, à princípio, só achavam que se tratava de cúmplice, parceiro de roubo, por isso o levou à Delegacia.

Quando o delegado foi informado do motivo da presença daqueles dois ali na sua sala apenas falou de maneira fria:

- "Se vocês já descobriram do que se trata, o que estão esperando para colocar estes meliantes atrás das grades?".

- Doutor, eu já falei pra eles aqui que eu apenas estava fazendo um simples favor.Eu sou inocente, senhor. Eu estava passando na rua e...

- "Pode parar. Naquelas celas ali só tem gente inocente também, entendeu ou quer que eu desenhe?".

Após tomar um grande chá de cadeira, aliás, de cadeia mesmo, aquela pessoa realmente inocente conseguiu telefonar ao seu chefe e este, gentilmente, veio socorrê-lo. Quando este lhe contou o ocorrido, considerando ser uma pessoa ilibada, responsável, a sua liberação foi autorizada sem nenhuma restrição, apenas uma pequena advertência daquele mesmo delegado:

- "Vai com Deus, aliás, vai com seu chefe e daqui pra frente mais cuidado quando for solicitado para prestar este tipo de favor que lhe pôs atrás das grades, mesmo por poucas horas.

Depois deste imbróglio desagradável, sempre que aquele rapaz via alguém empurrando um carro na rua, imediatamente ele se lembrava daquilo que lhe acontecera e procurava logo mudar o pensamento para algo mais positivo, mais agradável.