IMIGRANTES INVASORES

O menino chegou em casa e urinou no vaso de flores da sala.

Educadamente levei-o ao banheiro e mostrei outro vaso, o sanitário, e expliquei como usá-lo.

O pai do menino, que estava na sala, ficou furioso e de suas vestes tirou uma adaga. Sentenciou que aquilo era uma questão cultural, que seu filho poderia fazer suas necessidades onde quisesse.

Ato contínuo defecou no vaso da sala.

Eu, branco como o impávido e pálido colosso... acovardei-me na lei e nos direitos humanos.

Vaso por vaso, eu vasei...

Em minha casa, com a hospitalidade recomendada, o estrangeiro passou a se sentir em casa.

Em caso de ataque, não reaja.

(Deixando claro: meu país é feito de imigrantes, eu mesmo descendo deles, e trouxeram uma conotação sadia, uma cultura de progresso e elevação de espírito, ainda que em processo de aperfeiçoamento, mas com uma coisa em comum: sempre foram civilizados! – os desse naipe são bem vindos!).

Alea jacta est....

Armand de Saint Igarapery – Textos no Face e no Recanto das Letras