Tudo na sua (c)alma
Hoje quando vi a xícara de café vazia na mesa, cheguei a comparar com meu peito e não sei qual dos dois tem mais espaço. É um sopro o que tenho aqui dentro agora. As vezes um vento forte que até me balança, e eu sento fingindo ser as peripécias do tempo atmosférico. Fora isso, ligo a TV e faço questão de me ocupar com coisas fúteis. Que quando por vezes busco assuntos sérios, cresce em mim uma necessidade de reflexão e confesso que quero passar os próximos dias sem essa viagem pra dentro. É por esse caminho que tenho tentado fugir. Fugir sim, pois por mais que eu alimente meu bom senso, não há como interromper o humano em mim e impedir de viver cada fase, sentir cada coisa e dar importância a tudo isso de agora. Todo mundo sabe que passa, quem dirá a mim, que já li mais Bauman do que contos de fada.
Então ficou decidido assim. Futilidades úteis para me salvar. Por enquanto.
Até lá vou tentando convencer meu sistema nervoso de que preciso colocar tudo pra fora com um pouco mais que uma lágrima. E repetindo pro meu coração que não há mal nenhum em chorar. Meu pensamento é habituado demais a mudar de ares quando algo meu me intriga, e o que sou de gentil com os outros, sou dura comigo.
Hei de lembrar
que lágrima
tem um gosto incrível
de mar.
“Come chocolates, pequena; Come chocolates! (...) Olha que as religiões todas não ensinam mais que confeitaria. Come, pequena suja, come!”
Citação: Tabacaria - Fernando Pessoa
*Textos de Quinta - Para fugir da responsabilidade.
Um a cada quinta. Não é promessa, é desejo =)